ATENÇÃO: temos recebido matriculas de pessoas fora da nossa igreja e até por vários Estados do Brasil... Avisamos que estamos, ainda, em fase de implantação do curso. Com isto, estamos nos adaptando a cada momento, para que, dentro de pouco tempo, possamos oferecer um curso estruturado a bem do Reino do Senhor. Assim, estamos apenas atendendo a irmãos, dentro e fora da igreja que queiram estudar se submetendo a estas adaptações. Obrigado.


A Bíblia Através dos Séculos (01) - Antônio Gilberto

Apresentação
A Casa Publicadora das Assembléias de Deus tem a grata satisfação de apresentar
aos seus milhares de leitores mais uma obra do pastor Antônio Gilberto, intitulada A Bíblia
através dos séculos. Trata-se, sem dúvida alguma, de um livro que interessa ao estudante
das Sagradas Escrituras, pois descreve, em linguagem simples, particularidade do autor,
assuntos por demais sugestivos, tais como 0 Cânon da Bíblia e sua evolução; A preservação
e a tradução da Bíblia; A seqüência da História Bíblica; Cronologia Bíblica; Geografia
Bíblica; Vida e Costumes dos Povos Bíblicos; Dificuldades da Bíblia, etc.
Conforme o próprio autor declara, este compêndio é um estudo introdutório do Livro
Santo, para melhor compreensão do leitor. Temos a certeza de que todos os que adquirirem
a presente obra, por certo agradecerão a Deus pelo privilégio de possuírem um manual que
os ajudará a entender melhor o Livro dos livros.
Diretoria de Publicações
1 Considerações preliminares
I. INTRODUÇÃO BÍBLICA OU BIBLIOLOGIA
O nosso assunto é o estudo introdutório e auxiliar das Sagradas Escrituras, para sua
melhor compreensão por parte do leitor. É também chamado Isagoge nos cursos superiores
de teologia. Este estudo auxilia grandemente a compreensão dos fatos da Bíblia. Um ponto
saliente nele é a história da Bíblia mostrando como chegou ela até nós. A necessidade desse
estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a nós por canais humanos, tornando-se,
assim, divino-humana, como também o é a Palavra Viva - Cristo -, que se tornou também
divino-humano (Jo 1.1; Ap 19.13).
Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo.
Por essa razão, a Bíblia faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela menciona países,
montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas, plantas, produtos, minérios,
comércio, dinheiro, línguas, raças, usos, costumes, culturas, etc. Isto é, Deus, para fazer-se
compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem como do nosso modo de pensar. Se
Deus usasse sua linguagem, ninguém o entenderia. Ele, para revelar-se ao homem, adaptou
a Bíblia ao modo humano de perceber as coisas. Destarte, o autor da Bíblia é Deus, mas os
escritores foram homens. Na linguagem figurada dos Salmos e das diversas outras partes da
Bíblia, Deus mesmo é descrito e age como se fosse homem. A Bíblia chega a esse ponto
para que o homem compreenda melhor o que Deus lhe quer dizer. Isto também explica
muitas dificuldades e aparentes contradições do texto bíblico.
II. O ÂMBITO DESTE ASSUNTO
A Bibliologia estuda a Bíblia sob os seguintes pontos de vista:
1. Observações gerais sobre sua leitura e estudo.
2. Sua estrutura, considerando sua divisão, classificação dos livros, capítulos,
versículos, particularidades e tema central.
3. A Bíblia considerada como o Livro Divino, isto é, como a Palavra escrita de
Deus.
4. O Cânon sagrado: sua formação e transmissão até nós.
5. A preservação e tradução do texto da Bíblia. Isto aborda as línguas originais e os
manuscritos bíblicos.
6. Inclui ainda elementos de história geral da Bíblia, inclusive o Período Interbíblico
ou Intertestamentário, e de auxílios externos no estudo da Bíblia: geografia bíblica, usos e
costumes antigos orientais, sistemas de medidas, pesos e moedas; cronologia bíblica geral,
história das nações antigas contemporâneas; estudos das personagens e dos livros da Bíblia,
e das dificuldades bíblicas.
III. A RAZÃO DA NECESSIDADE DAS ESCRITURAS
Deus se tem revelado através dos tempos por meio de suas obras, isto é, da criação
(SI 19.1-6; Rm 1.20). Porém, na Palavra de Deus temos uma revelação especial e muito
maior. É dupla esta revelação: a) na Bíblia, que é a PALAVRA DE DEUS ESCRITA, e b)
em Cristo, que é PALAVRA DE DEUS VIVA (Jo 1.1). Esta dupla revelação é especial,
porque tornou-se necessária devido à queda do homem. 10
IV. A NECESSIDADE DO ESTUDO DAS ESCRITURAS
Isto está implícito em Salmo 119.130; Isaías 34.16; 2 Timóteo 2.15; 1 Pedro 3.15, e
nos conduz a dois pontos de suma importância: a) porque devemos estudar a Bíblia, e b)
como devemos estudar a Bíblia.
Estudar é mais que ler; é aplicar a mente a um assunto, de modo sistemático e
constante.
1. Porque devemos estudar a Bíblia
a. Ela é o único manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor. O crente
foi salvo para servir ao Senhor (Ef 2.10; 1 Pe 2.9). Sendo a Bíblia o livro texto do cristão, é
importante que ele a maneje bem, para o fiel desempenho de sua missão (2 Tm 2.15). Um
bom profissional sabe empregar com eficiência as ferramentas de seu ofício. Essa eficiência
não é automática: vem pelo estudo e prática. Assim deve ser o crente com relação ao seu
manual - a Bíblia. Entre as promessas de Deus nesse sentido, temos uma muito maravilhosa
em Isaías 55.11. Deus declara aí que sua Palavra não voltará vazia. Portanto, quando alguém
toma tempo para estudar com propósito a Palavra de Deus, o efeito será glorioso quanto à
edificação espiritual e ao engrandecimento do reino de Deus.
b. Ela alimenta nossas almas (Jr 15.16; Mt 4.4; 1 Pe 2.2). Não há dúvida de que o
estudo da Palavra de Deus traz nutrição e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à
alma, como o pão ao corpo. Nas passagens acima, ela é comparada ao alimento, porém, este
só nutre o corpo quando é absorvido pelo organismo. O texto de 1 Pedro 2.2 fala do intenso
apetite dos recém-nascidos; assim deve ser o nosso desejo pela Palavra. Bom apetite pela
Bíblia é sinal de saúde espiritual.
Como está o seu apetite pela Bíblia, leitor?
c. Ela é o instrumento que o Espírito Santo usa (Ef 6.17). Se em nós houver
abundância da Palavra de Deus. o Espírito Santo terá o instrumento com que operar. É
preciso, pois. meditar nela (Js 1.8; SI 1.2). Ê preciso deixar que ela domine todas as esferas
da nossa vida. nossos pensamentos, nosso coração e, assim, molde todo o nosso viver diário.
Em suma: precisamos ficar saturados da Palavra de Deus.
Um requisito primordial para Deus responder às nossas orações é estarmos saturados
da sua Palavra (Jo 15.7). Aqui está, em parte, a razão de muitas orações não serem
respondidas: desinteresse pela Palavra de Deus. (Leia o texto outra vez.) Pelo menos três
fatos estão implícitos aqui: a) Na oração precisamos apoiar nossa fé nas promessas de Deus,
e essas promessas estão na Bíblia, b) Por sua vez, a Palavra de Deus produz fé em nós (Rm
10.17). c) Devemos fazer nossas petições segundo a vontade de Deus (1 Jo 5.14), e um dos
meios de saber-se a vontade de Deus é através da sua Palavra.
Na vida cristã, e no trabalho do Senhor em geral, o Espírito Santo só nos lembrará o
texto bíblico preciso, se de antemão o conhecermos (Jo 14.26). - É possível o leitor ser
lembrado de algo que não sabe? Pense se é possível! Portanto, o Espírito Santo quer não
somente encher o crente, mas também encontrar nele o instrumento com que operar a
Palavra de Deus.
Ter o Espírito e não conhecer a Palavra, conduz ao fanatismo. Pessoas assim querem
usar o Espírito em vez de Ele usá-las. Conhecer a Palavra e não ter o Espírito conduz ao
formalismo. Estes dois extremos são igualmente perigosos.
d. Ela enriquece espiritualmente a vida do cristão (SI 119.72). Essas riquezas vêm
pela revelação do Espírito, primeiramente (Ef 1.17). O leitor que procurar entender a Bíblia
somente através do intelecto, muito cedo desistirá do seu intento. Só o Espírito de Deus
conhece as coisas de Deus (1 Co 2.10). Um renomado expositor cristão afirma que há
32.000 promessas na Bíblia toda! Pensai que fonte de riqueza há ali! Entre as riquezas
derivadas da Bíblia está a formação do caráter ideal, bem como a moldagem da vida cristã
como um todo. É a-Bíblia a melhor diretriz de conduta humana; a melhor formadora do
caráter. Os princípios que modelam nossa vida devem proceder dela.
A falta de uma correta e pronta orientação espiritual dentro da Palavra de Deus.
especialmente quanto a novos convertidos, tem resultado em inúmeras vidas
desequilibradas, doentes pelo resto da existência. Essas, só um milagre de Deus pode
reajustá-las. Pessoas assim, ferem-se a si mesmas e aos que as rodeiam.
A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Tudo que Deus tem para o homem e
requer do homem, e tudo que o homem precisa saber espiritualmente da parte de Deus
quanto à sua redenção, conduta cristã e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Deus não
tem outra revelação escrita além da Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é tomar o Livro
e apropriar-se dele pela fé. O autor da Bíblia é Deus, seu real intérprete é o Espírito Santo, e
seu tema central é o Senhor Jesus Cristo. O homem deve ler a Bíblia para ser sábio, crer na
Bíblia para ser salvo, e praticar a Bíblia para ser santo.
2. Como devemos estudar a Bíblia
a. Leia a Bíblia conhecendo seu autor. Isto é de suprema importância, é a melhor
maneira de estudar a Bíblia. Ela é o único livro cujo autor está sempre presente quando é
lida. O autor de um livro é a pessoa que melhor pode explicá-lo. A Bíblia é um livro fácil e
ao mesmo tempo difícil; simples e ao mesmo tempo complexo. Não basta apenas ler suas
palavras e analisar suas declarações. Tudo isso é indispensável, mas não basta. É preciso
conhecer e amar o Autor do Livro. Conhecendo o Autor, a compreensão será mais fácil.
Façamos como Maria, que aprendia aos pés do Mestre (Lc 10.39). Esse é ainda o
melhor lugar para o aluno!
b. Leia a Bíblia diariamente (Dt 17.19). Esta regra é excelente. Presume-se que 90fr dos
crentes não lêem a Bíblia diariamente: não é de admirar haver tantos crentes frios nas
igrejas. Não somente frios mas anãos, raquíticos, mundanos, carnais, indiferentes. Sem
crescimento espiritual, Deus não nos pode revelar suas verdades profundas (Mc 4.33; Jo
16.12; Hb 5.12). É de admirar haver pessoas na igreja que acham tempo para ler, ouvir e ver
tudo, menos a Palavra de Deus. Motivo: Comem tanto outras coisas que perdem o apetite
pelas coisas de Deus! É justo ler boas coisas, mas, é imprescindível tomar mais tempo com
as Escrituras. É também de estarrecer o fato de que muitos líderes de igrejas não levam seus
liderados a lerem a Bíblia. Não basta assistir aos cultos, ouvir sermões e testemunhos,
assistir a estudos bíblicos, ler boas obras de literatura cristã: é preciso a leitura bíblica
individual, pessoal. Há crentes que só comem espiritualmente quando lhes dão comida na
boca: é a colher do pastor, do professor da Escola Dominical, etc. Se ninguém lhes der
comida eles morrerão de inanição.
c. Ler a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual. Isto é de capital
importância para o êxito no estudo bíblico. A atitude correta é a seguinte: a) Estudar a Bíblia
como a Palavra de Deus, e não como uma obra literária qualquer, b) Estudar a Bíblia com o
coração, em atitude devocional, e não apenas com o intelecto. As riquezas da Bíblia são
para os humildes que temem ao Senhor (Tg 1.21). Quanto maior for a nossa comunhão com
Deus, mais humildes seremos. Os galhos mais carregados de frutos são os que mais
abaixam! É preciso ler a Bíblia crendo, sem duvidar, em tudo que ela ensina, inclusive no
campo sobrenatural. A dúvida ou descrença, cega o leitor (Lc 24.25).
d. Leia a Bíblia com oração, devagar, meditando. Assim fizeram os servos de Deus
no passado: Davi (SI 119.12,18); Daniel (Dn 9.21-23). O caminho ainda é o mesmo. Na
presença do Senhor em oração, as coisas incompreensíveis são esclarecidas (SI 73.16,17). A
meditação na Palavra aprofunda a sua compreensão. Muitos lêem a Bíblia somente para
estabelecerem recordes de leitura. Ao ler a Bíblia, aplique-a primeiro a si próprio, irmão,
senão não haverá virtude nenhuma.
e. Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza insondável nisso! É a única maneira de
conhecermos a verdade completa dos assuntos nela contidos, visto que a revelação de Deus
que nela temos é progressiva. - Como o leitor pensa compreender um livro que ainda não
leu do princípio ao fim? Mesmo lendo a Bíblia toda, não a entendemos completamente. Ela,
sendo a Palavra de Deus, é infinita. Nem mesmo a mente de um gênio poderia interpretá-la
sem erros. Não há no mundo ninguém que esgote a Bíblia. Todos somos sempre alunos (Dt
29.29; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12). Portanto, na Bíblia há dificuldades, mas o problema é do
lado humano. O Espírito Santo, que conhece as profundezas de Deus, pode ir revelando o
conhecimento da verdade, à medida que buscamos a face de Deus e andamos mais perto
dele. Amém.
QUESTIONÁRIO
1. Que é Bibliologia ou Introdução Bíblica?
2. Que linguagem e modo de pensar usa Deus em sua Palavra?
3. Mencione alguns dos assuntos estudados em Bibliologia.
4. Por que tornou-se necessário a revelação especial de Deus pela Bíblia?
5. Cite dois motivos por que devemos estudar a Bíblia, segundo o estudo
apresentado.
6. Cite três maneiras como devemos estudar a Bíblia.
7. Qual a maneira de conhecermos a verdade completa sobre determinado assunto
bíblico?
8. Por que não podemos entender a Bíblia toda?
2 Á Bíblia como livro
I. OS LIVROS ANTIGOS
A Bíblia é um livro antigo. Os livros antigos tinham a forma de rolos (Jr 36.2). Eram
feitos de papiro ou pergaminho. O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios,
lagos e banhados, no Oriente Próximo, cuja entrecasca servia para escrever. Essa planta
existe ainda hoje no Sudão, na Galiléia Superior e no vale de Sarom. As tiras extraídas do
papiro eram coladas umas às outras até formarem um rolo de qualquer extensão. Este
material gráfico primitivo é mencionado muitas vezes na Bíblia, exemplos: Êxodo 2.3; Jó
8.11; Isaías 18.2. Em certas versões da Bíblia, o papiro é mencionado como junco; de fato, é
um tipo de junco de grandes proporções. De papiro, deriva-se a nossa palavra papel. Seu
uso na escrita vem de 3.000 a.C.
Pergaminho é pele de animais, curtida e polida, utilizada na escrita. É material
gráfico melhor que o papiro. Seu uso é mais recente que o do papiro. Vem dos primórdios
da Era Cristã, apesar de já ser conhecido antes. É também mencionado na Bíblia, como em 2
Timóteo 4.13.
A Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo.
Assim, vemos, que, a princípio, os livros sagrados não estavam unidos uns aos outros como
os temos agora em nossas Bíblias. O que tornou isso possível foi a invenção do papel no
Século II, pelos chineses, bem como a do prelo, de tipos móveis, inventada em 1450, pelo
alemão Gutemberg. Até então era tudo manuscrito pelos escribas de modo laborioso, lento e
oneroso. Quanto a este aspecto da difusão de sua Palavra, Deus tem abençoado
maravilhosamente, de modo que hoje milhões de exemplares das Escrituras são impressos
com rapidez e facilidade em muitos pontos do globo. Também, graças aos progressos
alcançados no campo das invenções e da tecnologia, podemos hoje transportar com toda
comodidade um exemplar da Bíblia, coisa impossível nos tempos primitivos. Ainda hoje,
devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam em uso
nas sinagogas judaicas.
II. O VOCÁBULO "BÍBLIA"
Este vocábulo não se acha no texto das Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa. -
Donde, pois, nos vem? -Vem do grego, a língua original do Novo Testamento. É derivado
do nome que os gregos davam à folha, de papiro preparada para a escrita - "biblos". Um rolo
de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e vários destes eram uma "bíblia".
Portanto, literalmente, a palavra bíblia quer dizer "coleção de livros pequenos". Com a invenção
do papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu origem a "livro", como se
vê em biblioteca, bibliografia, bibliófilo, etc. É consenso geral entre os doutos no assunto
que o nome Bíblia foi primeiramente aplicado às Sagradas Escrituras por João Crisóstomo,
patriarca de Constantinopla, no Século IV.
E porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um
plural, como acabamos de ver, passou a ser singular, significando o LIVRO, isto é, o Livro
dos livros; O Livro por excelência. Como Livro divino, a definição canônica da Bíblia é "A
revelação de Deus à humanidade".
Os nomes mais comuns que a Bíblia dá a si mesma, isto é, os seus nomes canônicos,
são:
• Escrituras (Mt 21.42) 18
• Sagradas Escrituras (Rm 1.2)
• Livro do Senhor (Is 34.16)
• A Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12)
• Os Oráculos de Deus (Rm 3.2)
III. A ESTRUTURA DA BÍBLIA
Estudaremos neste ponto a estrutura ou composição da Bíblia, isto é, a sua divisão
em partes principais e seus livros quanto à classificação por assuntos, divisão em capítulos e
versículos e, certas particularidades indispensáveis.
A Bíblia divide-se em duas partes principais: ANTIGO e NOVO TESTAMENTO,
tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e 27 no NT. Estes 66 livros foram escritos num
período de 16 séculos e tiveram cerca de 40 escritores. Aqui está um dos milagres da Bíblia.
Esses escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram
em países, regiões e continentes distantes uns dos outros, em épocas e condições diversas,
entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isto prova que um só os dirigia no
registro da revelação divina: Deus.
A palavra testamento vem do termo grego "diatheke", e significa: a) Aliança ou
concerto, e b) Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de alguém
quanto à distribuição de seus bens, após sua morte. Esta é a palavra empregada no Novo
Testamento, como por exemplo em Lucas 22.20. No Antigo Testamento, a palavra usada é
"berith" que significa apenas concerto. O duplo sentido do termo grego nos mostra que a
morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantindo-nos toda a herança
com Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17).
O título Antigo Testamento foi primeiramente aplicado aos 39 livros das Escrituras
hebraicas, por Tertuliano, e Orígenes.
Na primeira divisão principal da Bíblia, temos o Antigo Concerto (também chamado
pacto, aliança), que veio pela Lei, feito no Sinai e, selado com sangue de animais (Êx 24.3-
8; Hb 9.19,20). Na segunda divisão principal (o NT), temos o Novo Concerto, que veio pelo
Senhor Jesus Cristo, feito no Calvário e selado com o seu próprio sangue (Lc 22.20; Hb
9.11-15). É pois um concerto superior.
Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o total de livros é 73. Os 7 livros a mais, são
chamados apócrifos. Além dos livros apócrifos, as referidas Bíblias têm mais 4 acréscimos a
livros canônicos. Trataremos disto no capítulo que estudará o cânon das Escrituras.
1. O Antigo Testamento
Tem 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de pequenos
trechos que o foram em aramaico. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio
babilônico. Há também algumas palavras persas. Seus 39 livros estão classificados em 4
grupos, conforme os assuntos a que pertencem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O
grupo ou classe poesia também é conhecido por devocional.
Vejamos os livros por cada grupo.
a. LEI. São 5 livros: Gênesis a Deuteronômio. São comumente chamados o
Pentateuco. Esses livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e do estabelecimento
da nação israelita.
b. HISTÓRIA. São 12 livros: de Josué a Ester. Ocupam-se da história de Israel nos
seus vários períodos: a) Teocracia, sob os juízes, b) Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão,
c) Divisão do reino e cativeiro, contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este levado em
cativeiro para a Assíria, e aquele para Babilônia, d) Pós-cativeiro, sob Zorobabel, Esdras e
Neemias, em conjunto com os profetas contemporâneos.
c. POESIA. São 5 livros: de Jó a Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não
porque sejam cheios de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. São
também chamados devocionais.
d. PROFECIA. São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em:
• Profetas Maiores: Isaías a Daniel (5 livros).
• Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12 livros). Os nomes maiores e menores
não se referem ao mérito ou notoriedade do profeta mais ao tamanho dos livros e à extensão
do respectivo ministério profético.
A classificação dos livros do AT, por assunto, vem da versão Septuaginta, através da
Vulgata, e não leva em conta a ordem cronológica dos livros, o que, para o leitor menos
avisado, dá lugar a não pouca confusão, quando procura agrupar os assuntos
cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é o nosso AT), a divisão dos livros é bem diferente.
Nas Bíblias de edição católico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são
chamados 1,2,3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2 Paralipômenos
Esdras e Neemias são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas edições católicas de Matos
Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde em Almeida aos Salmos 9 e 10. O de número
10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 a 147, que nas nossas Bíblias são o de
número 147. Deste modo, os três salmos finais são idênticos em qualquer das versões acima
mencionadas. Essas diferenças de numeração em nada afetam o texto em si, e não poderia
ser doutra forma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor!
2. O Novo Testamento
Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego clássico dos eruditos, mas no do
povo comum, chamado Koiné. Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos,
conforme o assunto a que pertencem: BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS,
PROFECIA. O terceiro grupo é também chamado DOUTRINA.
a. BIOGRAFIA. São os 4 Evangelhos. Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e
seu glorioso ministério. Os três primeiros são chamados Sinópticos, devido a certo paralelismo
que têm entre si. Os Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Todos
os que os precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e os que se
lhes seguem são explicações da doutrina de Cristo.
b, HISTORIA. É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a história da igreja
primitiva, seu viver, a propagação do
Evangelho; tudo através do Espírito Santo, conforme Jesus prometera.
c. EPÍSTOLAS. São 21 as epístolas ou cartas. Vão de Romanos a Judas. Contêm a
doutrina da Igreja.
• 9 são dirigidas a igrejas (Romanos a 2 Tessalonicenses)
• 4 são dirigidas a indivíduos (1 Timóteo a Filemom)
• 1 é dirigida aos hebreus cristãos
• 7 são dirigidas a todos os cristãos, indistintamente (Tiago a Judas)
As últimas sete são também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de duas
delas (2 e 3 João) serem dirigidas a pessoas.
d. PROFECIA. É o livro de Apocalipse ou Revelação. Trata da volta pessoal do
Senhor Jesus à Terra e das coisas que precederão esse glorioso evento. Nesse livro vemos o
Senhor Jesus vindo com seus santos para: a) destruir o poder gentílico mundial sob o
reinado da Besta; b) livrar Israel, que estará no centro da Grande Tribulação; c) julgar as
nações; e d) estabelecer o seu reino milenar.
Oh! como desejamos que Ele venha!
Os livros do Novo Testamento também não estão situados em ordem cronológica,
pelas mesmas razões expostas ao tratarmos do Antigo Testamento.
IV. O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA
Jesus é o tema central da Bíblia. Ele mesmo no-lo declara em Lucas 24.44 e João
5.39. (Ler também Atos 3.18; 10.43; Apocalipse 22.16). Se olharmos de perto, veremos que,
em tipos, figuras, símbolos e profecias, Ele ocupa o lugar central das Escrituras, isto além da
sua manifestação como está registrada em todo o Novo Testamento.
Em Gênesis, Jesus é o descendente da mulher (Gn 3.15).
Em Êxodo, é o Cordeiro Pascoal.
Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório.
Em Números, é a Rocha Ferida.
Em Deuteronômio, é o Profeta.
Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor.
Em Juízes, é o Libertador.
Em Rute, é o Parente Divino.
Em Reis e Crônicas, é o Rei Prometido.
Em Ester, é o Advogado.
Em Jó, é o nosso Redentor.
Nos Salmos, é o nosso socorro e alegria.
Em Provérbios, é a Sabedoria de Deus.
Em Cantares de Salomão, é o nosso Amado.
Em Eclesiastes, é o Alvo Verdadeiro
Nos Profetas, é o Messias Prometido.
Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo.
Nos Atos, é o Cristo Ressurgido.
Nas Epístolas, é a Cabeça da Igreja.
No Apocalipse, é o Alfa e o ômega; é o Cristo que volta para reinar.
Tomando o Senhor Jesus como o centro da Bíblia, podemos resumir os 66 livros em
cinco palavras referentes a Ele, assim: PREPARAÇÃO - Todo o AT, pois trata da
preparação para o advento de Cristo. MANIFESTAÇÃO - Os Evangelhos, que tratam da
manifestação de Cristo. PROPAGAÇÃO - O Livro de Atos, que trata da propagação de
Cristo. EXPLANAÇÃO - As Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo.
CONSUMAÇÃO - O Livro de Apocalipse, que trata da consumação de todas as coisas
preditas, através de Cristo. (Dr. Cl. Scofield).
Portanto, as Escrituras sem Jesus seriam como a Física sem a matéria ou a
Matemática sem os números.
V. ALGUNS FATOS E PARTICULARIDADES DA BÍBLIA
Antes, a Bíblia não era dividida em capítulos e versículos. A divisão em capítulos foi
feita no ano de 1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano e estudioso das
Escrituras. A divisão em versículos foi feita de duas vezes. O AT em 1445, pelo Rabi
Nathan; o NT em 1551, por Robert Stevens, um impressor de Paris. Stevens publicou a
primeira Bíblia (Vulgata Latina) dividida em capítulos e versículos em 1555. O AT tem 929
capítulos e 23.214 versículos. O NT tem 260 capítulos e 7.959 versículos. A Bíblia toda tem
1.189 capítulos e 31.173 versículos. O número de palavras e letras depende do idioma e da
versão. O maior capítulo é o Salmo 119, e o menor o Salmo 117. O maior versículo está em
Ester 8.9; o menor, em Êxodo 20.30. (Isso, nas versões portuguesas e com exceção da chamada
"Tradução Brasileira", onde o menor é Lucas 20.30). Em certas línguas, o menor é
João 11.35. Os livros de Ester e Cantares não contêm a palavra Deus, porém a presença de
Deus é evidente nos fatos neles desenrolados, mormente em Ester. Há na Bíblia 8.000
menções de Deus sob vários nomes divinos, e 177 menções do Diabo, sob seus vários nomes.
A vinda do Senhor é referida direta e indiretamente 1.845 vezes, sendo 1.527 no AT
e 318 no NT. - Não é esse um assunto para séria meditação? O Salmo 119 tem em hebraico
22 seções de 8 versículos cada uma. O número 22 corresponde ao número de letras do
alfabeto hebraico. Cada uma das 22 seções inicia com uma letra desse alfabeto, e, dentro, de
cada seção, todos os versículos começam com a letra da respectiva seção. Caso semelhante
há no livro de Lamentações de Jeremias. Ali, em hebraico, os capítulos 1,2,4, têm 22
versículos cada um, compreendendo as 22 letras do alfabeto, de álefe a tau. Porém o
capítulo 3 tem 66 versículos, levando cada três deles, a mesma letra do alfabeto.
Há outros casos assim na estrutura da Bíblia. Isso jamais poderia ser obra do acaso. A
frase "não temas" ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano! O
capítulo 19 de 2 Reis é idêntico ao 37 de Isaías. O AT encerra citando a palavra "maldição";
o NT encerra citando a expressão: "a graça do Nosso Senhor Jesus Cristo." A Bíblia foi o
primeiro livro impresso no mundo após a invenção do prelo; isso deu-se em 1452, em
Mogúncia, Alemanha. Os números 3 e 7 predominam admiravelmente em toda a Bíblia. O
nome de Jesus consta do primeiro e do último versículos do NT. As traduções da Bíblia
(toda ou em parte) até 1984, atingiram a 1796 línguas e dialetos. 24
Restam ainda cerca de 1.000 línguas em que ela precisa ser traduzida.
- Que está o irmão fazendo para difundir a Bíblia - o livro que o salvou?
VI. ALGUMAS OBSERVAÇÕES ÚTEIS E PRÁTICAS NO MANUSEIO E ESTUDO DA BÍBLIA
1. Apontamentos individuais
Habitue-se a tomar notas de suas meditações na Palavra de Deus. A memória falha
com o tempo. Distribua seus apontamentos por assuntos previamente escolhidos e destacados
uns dos outros. Use, para isso, um livro de folhas soltas (livro de argola) com
projeções e índice. Se não houver organização nos apontamentos, eles pouco servirão.
2. Aprenda a ler e escrever referências bíblicas
O sistema mais simples e rápido para escrever referências bíblicas é o adotado pela
Sociedade Bíblica do Brasil: duas letras sem ponto abreviativo para cada livro da Bíblia.
Entre capítulo e versículo põe-se apenas um ponto. No índice das Bíblias editadas pela SBB
pode-se ver a lista dos livros assim abreviados.
Exemplos de referências por esse sistema:
1 Jo 2.4 (1 João capítulo 2, versículo 4) Jó 2.4 (Jó capítulo 2, versículo 4)
1 Pe 5.5 (1 Pedro capítulo 5, versículo 5) Fp 1.29 (Filipenses capítulo 1, versículo 29)
Fm v. 14 (Filemom, versículo 14)
3. Diferença entre texto, contexto, referência, inferência
a. Texto são as palavras contidas numa passagem.
b. Contexto é a parte que fica antes e depois do texto que estamos lendo. O contexto
pode ser imediato ou remoto.
c. Referência é a conexão direta sobre determinado assunto. Além de indicar o livro,
capítulo e versículo, a referência pode levar outras indicações como:
- "a", indicando a parte inicial do versículo: (Rm 11.17a).
- "b", indicando a parte final do versículo: (Rm 11.17b).
- "ss", indicando os versículos que se seguem até o fim ou não do capítulo: (Rm
11.17ss).
- "qv", significando que veja. Recomendação para não deixar de ler o texto indicado.
Vem da expressão latina quod vide = que veja.
- "cf", significando compare, confirme, confronte. Vem do latim confere.
- "i.e.", significando isto é. Vem do latim id est. As referências também podem ser
verbais e reais. As primeiras são um paralelismo de palavras; as segundas, de assuntos ou
idéias.
d. Inferência é uma conexão indireta entre assuntos. É uma ilação ou dedução.
4. Siglas das diferentes versões em vernáculo
O uso dessas siglas poupa tempo e trabalho.
- ARC = Almeida Revisada e Corrigida. É a Bíblia de Almeida antiga, impressa pela
Imprensa Bíblica Brasileira.
- ARA = Almeida Revisada e Atualizada. É a Bíblia de Almeida revisada e publicada
pela Sociedade Bíblica do Brasil, completa, a partir de 1958.
- FIG as Antônio Pereira de Figueiredo. Atualmente é impressa pela Sociedade
Bíblica Britânica e Estrangeira, Londres.
- SOARES = Matos Soares. Versão popular dos católicos brasileiros.
- RHODEN as Huberto Rhoden. Versão particular desse ex-padre brasileiro.
- CBSP = Centro Bíblico de São Paulo. Edição católica popular da Bíblia, São
Paulo.
- TRAD. BRÁS. Tradução Brasileira, 1917
5. O tempo antes e depois de Cristo
É indicado pelas letras:
- a.C. = antes de Cristo, isto é, antes do nascimento de Cristo.
- d.C. = depois de Cristo, isto é, o tempo depois do nascimento de Cristo. Também
aparece em algumas obras, "AD", que vem da expressão latina: "Anno Domini", ou seja,
ano do Senhor, em alusão ao nascimento de Cristo.
6. Manuseio do volume sagrado
Obtenha completo domínio do manuseio da Bíblia, a fim de encontrar com rapidez
qualquer referência bíblica, Jesus fazia assim. Em Lucas 4.17 diz que Ele "achou o lugar
onde estava escrito". Ora, naquele tempo, isso era muito mais difícil do que hoje com o
progresso da indústria gráfica. 7. Abreviaturas bíblicas.
As abreviaturas dos livros consistem de duas letras sem ponto abreviativo. Procure
memorizá-las de vez.
ANTIGO TESTAMENTO
LIVRO LIVRO
Gênesis Gn Eclesiastes Ec
Êxodo Êx Cantares Ct
Levítico Lv Isaias Is
Números Nm Jeremias Jr
Deuteronômio Dt Lamentações de
Jeremias
Lm
Josué Js Ezequial Ez
Juizes Jz Daniel Dn
Rute Rt Oséias Os
1 Samuel 1 Sm Joel Jl
2 Samuel 2 Sm Amós Am
1 Reis 1 Rs Obadias Ob
2 Reis 2 Rs Jonas Jn
1 Crônicas 1 Cr Miquéis Mq
2 Crônicas 2 Cr Naum Na
Esdras Ed Habacuque Hc
Neemias Ne Sofonias Sf
Ester Et Ageu Ag
Jó Jó Zacarias Zc
Salmos Sl Malaquias Ml
Provérbios Pv
NOVO TESTAMENTO
LIVRO LIVRO
Mateus Mt Atos At
Marcos Mc Romanos Rm
Lucas Lc 1 Coríntios 1 Co
João Jo 2 Coríntios 2 Co
Gálatas Gl Hebreus Hb
Efésios Ef Tiago Tg
Filipenses Fp 1 Pedro 1 Pe
Colossenses Cl 2 Pedro 2 Pe
1 Tessalonicenses 1 Ts 1 João 1 Jo
2 Tessalonicenses 2 Ts 2 João 2 Jo
1 Timóteo 1 Tm 3 João 3 Jo
2 Timóteo 2 Tm Judas Jd
Tito Tt Apocalipse Ap
Filemom Fm
QUESTIONÁRIO
1. Que forma tinha um livro antigo?
2. De que materiais eram feitos esses livros?
3. Que era papiro? Cite-o na Bíblia.
4. Que era pergaminho? Cite-o na Bíblia.
5. Desde quando foi usado o papiro? e o pergaminho?
6. Quando foi inventado o prelo? e o papel?
7. Que nome davam os gregos à folha de papiro já preparada para a escrita?
8. Dê a origem do nome "Bíblia", e o que significa, literalmente.
9. Por que, sendo "Bíblia" um plural, passou a ser singular?
10. Dê a definição canônica de Bíblia.
11. Quem primeiro aplicou o nome "Bíblia" às Sagradas Escrituras?
12. Quais os nomes ou títulos mais comuns que a Bíblia dá a si mesma?
13. Quantas partes principais tem a Bíblia? Cite-as.
14. Quantos livros tem toda a Bíblia? e só o AT? e só o NT?
15. Quanto tempo levou a Bíblia para ser escrita?
16. Cerca de quantos escritores teve ela?
17. Dê o duplo sentido da palavra testamento como usada no NT e que significado
tem para o cristão.
18. Quem primeiro aplicou o título Antigo Testamento aos 39 livros da Bíblia
hebraica?
19. Dê o total de livros das Bíblias de edição católico-romana.
20. Como são chamados esses livros a mais nas Bíblias de edição da Igreja Romana?
21. Quantos acréscimos a livros canônicos têm as Bíblias de edição romana?
22. Dê o assunto dos quatro grupos de livros do AT, idem do NT.
23. Quantos livros tem a LEI? Cite-os.
24. Que outro nome tem o conjunto de livros da LEI?
25. Quantos são os livros históricos? Cite-os.
26. Quantos são os livros chamados poéticos? Cite-os.
27. Por que são chamados poéticos?
28. Quais são as principais línguas originais da Bíblia?
29. Que outro nome têm os livros poéticos?
30. Quantos livros tem o grupo PROFECIA no AT?
31. Quantos e quais são os livros dos Profetas Maiores? e os dos Menores?
32. A que se referem as palavras "maiores" e "menores" com referência aos
profetas?
33. Como são chamados nas Bíblias editadas pela Igreja Romana os livros 1 e 2
Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias?
34. Quantos e quais são os livros da seção Biografia, no NT?
35. Que nome têm os três primeiros Evangelhos? Por quê?
36. Quantos livros tem a divisão História no NT?
37. A divisão Epístolas, quantos livros tem? Cite-os.
38. Qual o livro da divisão Profecia, no NT?
39. Cite referências mostrando Cristo como tema central da Bíblia.
40. Resuma os 66 livros da Bíblia nas cinco palavras estudadas neste capítulo.
41. Estude e domine os pontos V e VI deste capítulo.
42. Cite, de memória, os nomes dos 66 livros canônicos e aprenda suas abreviaturas.
3 A Bíblia como o Palavra de Deus
Em resumo, notam-se na Bíblia duas coisas: o Livro e a Mensagem. No capítulo
anterior, estudamos a Bíblia como livro; agora a estudaremos como a palavra ou mensagem
de Deus. O estudo da Bíblia tem por finalidade precípua o conhecimento de Deus. Isso é
visto desde o primeiro versículo dela, do qual se nota que tudo tem o seu centro em Deus.
Portanto, a causa motivante de ensinar a Bíblia aos outros deve ser a de levá-los a conhecer
a Deus. Se chegarmos a conhecer o Livro e falharmos em conhecer a Deus, erramos no
nosso propósito, e também o propósito de Deus por meio do seu Livro seria baldado.
Que as Escrituras são de origem divina é assunto resolvido. Deus, na sua palavra, é
testemunha concernente-mente a si mesmo. Quem tem o Espírito de Deus deposita toda a
confiança nela como a Palavra de Deus, sem exigir provas nem argumentos. Portanto, sob o
ponto de vista legal, a Bíblia não pode estar sujeita a provas e argumentos. Apresentamos
algumas provas da Bíblia como a Palavra de Deus, não para crermos que ela é divina, mas
porque cremos que ela é divina. É satisfação para nós, crentes na Bíblia, podermos
apresentar evidências externas daquilo que cremos internamente, no coração.
O presente século é caracterizado por ceticismo, racionalismo, materialismo e outros
"ismos" sem conta. A Bíblia, em meio a tais sistemas, sempre sofre grandes ameaças. Até há
pouco tempo, a luta do Diabo visava destruir o próprio Livro, mas vendo que não conseguia
isso, mudou de tática e agora procura perverter a mensagem do Livro. Seitas e doutrinas
falsas proliferam por toda parte coadjuvadas pelo fanatismo e ignorância prevalecentes em
muitos lugares. Nossa crença na Bíblia deve ser convicta, sólida e fundamental; não deve
ser jamais um eco ou reflexo dos outros. Se alguém lhe perguntar, leitor: "Por que você crê
que a Bíblia é a Palavra de Deus?" - saberá você responder adequadamente? Muitos crentes
têm sua crença na Bíblia desde a infância, através dos pais, etc, mas nunca fizeram um
estudo profundo e acurado para verificarem a realidade da origem divina da Bíblia.
Apresentamos agora algumas provas da origem divina da Bíblia, as quais evidenciam esse
Livro como a Palavra de Deus.
I. A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA (1ª prova)
O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração
divina (Jó 32.8; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). É devido à inspiração divina que ela é chamada a
Palavra de Deus. (Ver 2 Timóteo 3.16 no original.) - Que vem a ser "inspiração divina"? -
Para melhor compreensão, vejamos primeiro o que é inspiração. No sentido fisiológico, é a
inspiração do ar para dentro dos pulmões. É pela inspiração do ar que temos fôlego para
falar. Daí o ditado "Falar é fôlego". Quando estamos falando, o ar é expelido dos pulmões: é
o que chamamos de expiração. Pois bem, Deus, para falar a sua Palavra através dos
escritores da Bíblia, inspirou neles o seu Espírito! Portanto, inspiração divina é a influência
sobrenatural do Espírito Santo como um sopro, sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os
a receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro.
A própria Bíblia reivindica a si a inspiração de Deus, pois a expressão "Assim diz o
Senhor", como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus 66
livros; isso além de outras expressões equivalentes. Foi o Espírito de Deus quem falou
através dos escritores. (Ver 2 Crônicas 20.14; 24.20; Ezequiel 11.5). Deus mesmo dá testemunho
da sua Palavra. (Ver Salmo 78.1; Isaías 51.15,16; Zacarias 7.9,12). Os escritores,
por sua vez, evidenciam ter inspiração divina. (Ver 2 Reis 17.13; Neemias 9.30; Mateus
2.15; Atos 1.16; 3.21; 1 Coríntios 2.13; 14.37; Hebreus 1.1; 2 Pedro 3.2.)
Teorias falsas da inspiração da Bíblia
Quanto à inspiração da Bíblia, há várias teorias falsas, que o estudante não deve
ignorar. Umas são muito antigas, outras bem recentes, e ainda outras estão surgindo por aí
afora. Nalgumas delas, para maior confusão, a verdade vem junto com o erro, e muitos se
deixam enganar. Vejamos as principais teorias falsas da inspiração da Bíblia.
a. A teoria da inspiração natural, humana, ensina que a Bíblia foi escrita por homens
dotados de gênio e força intelectual especiais, como Milton, Sócrates, Shakespeare,
Camões, Rui, e inúmeros outros. Isto nega o sobrenatural. É um erro fatal de conseqüências
imprevisíveis para a fé. Os escritores da Bíblia reivindicam que era Deus quem falava
através deles (2 Sm 23.2 com At 1.16; Jr 1.9 com Ed 1.1; Ez 3.16,17; At 28.25, etc.)
b. A teoria da inspiração divina comum ensina que a inspiração dos escritores da
Bíblia é a mesma que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos, ensinamos, andamos
em comunhão com Deus, etc. Isto é errado, porque a inspiração comum que o
Espírito nos concede: a) Admite gradação, isto é, o Espírito Santo pode conceder maior conhecimento
e percepção espiritual ao crente, à medida que este ore, se consagre e procure a
santificação, ao passo que a inspiração dos escritores na Bíblia não admite graus. O escritor
era ou não era inspirado, b) A inspiração comum pode ser permanente (1 Jo 2.27), ao passo
que a dos escritores da Bíblia era temporária. Centenas de vezes encontramos esta expressão
dos profetas: "E veio a mim a palavra do Senhor", indicando o momento em que Deus os tomava
para transmitir a sua mensagem.
c. A teoria da inspiração parcial ensina que algumas partes da Bíblia são inspiradas,
outras não; que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas contém a Palavra de Deus. -
Se esta teoria fosse verdadeira, estaríamos em grande confusão, por que quem poderia dizer
quais as partes inspiradas e quais as não-inspiradas? A própria Bíblia refuta isso em 2
Timóteo 3.16 (ARA). Também em Marcos 7.13, o Senhor aplicou o termo "A Palavra de
Deus" a todo o Antigo Testamento. (Quanto ao Novo Testamento, ver João 16.12 e
Apocalipse 22.18,19.)
d. A teoria do ditado verbal ensina a inspiração da Bíblia só quanto às palavras, não
deixando lugar para a atividade e estilo do escritor, o que é patente em cada livro. Lucas,
por exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos (Lc 1.4). Esta falsa teoria faz
dos escritores verdadeiras máquinas, que escreveram sem qualquer noção de mente e
raciocínio. Deus não falou pelos escritores como quem fala através de um alto-falante. Deus
usou as faculdades mentais deles.
e. A teoria da inspiração das idéias ensina que Deus inspirou as idéias da Bíblia,
mas não as suas palavras. Estas ficaram a cargo dos escritores. - Ora, o que é a palavra na
definição mais sumária, senão "a expressão do pensamento"? Tente o leitor agora mesmo
formar uma idéia sem palavras... Impossível! Uma idéia ou pensamento inspirado só pode
ser expresso por palavras inspiradas. Ninguém há que possa separar a palavra da idéia. A
inspiração da Bíblia não foi somente "pensada"; foi também "falada". (Ver a palavra "falar"
em 1 Coríntios 2.13; Hebreus 1.1; 2 Pedro 1.21.) Isto é, as palavras foram também
inspiradas (Ap 22.19). Dum modo muito maravilhoso, vemos a inspiração das palavras da
Bíblia, não só no emprego da palavra exata, mas também na ordem em que elas são empregadas;
no original, é claro. Apenas três exemplos: Jó 37.9 e 38.19 (a palavra precisa); 1
Coríntios 6.11 (ordem das palavras no seu emprego).
A teoria correta da inspiração da Bíblia é a chamada Teoria da Inspiração Plenária
ou Verbal. Ela ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas; que os
escritores não funcionaram quais máquinas inconscientes; que houve cooperação vital e
contínua entre eles e o Espírito de Deus que os capacitava. Afirma que homens santos
escreveram a Bíblia com palavras de seu vocabulário, porém sob uma influência tão
poderosa do Espírito Santo, que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus. Explicar
como Deus agiu no homem, isso é difícil! Se, no ser humano, o entrosamento do espírito
com o corpo é um mistério inexplicável para os mais sábios, imagine-se o entrosamento do
Espírito de Deus com o espírito do homem! Ao aceitarmos Jesus como Salvador, aceitamos
também a Palavra escrita como a revelação de Deus. Se o aceitamos, aceitamos também a
sua Palavra. A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento.
Depois disso, nem os mesmos escritores, nem qualquer servo de Deus pode ser chamado
inspirado no mesmo sentido.
Diferença entre "revelação" e "inspiração" (no tocante à Bíblia)
Revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá a conhecer ao escritor coisas
desconhecidas, o que o homem, por si só, não podia saber. Exemplos: Daniel 12.8; 1 Pedro
1.10,11. (Quanto à inspiração, já foi dada a sua definição no início deste capítulo.) A
inspiração nem sempre implica em revelação. Toda a Bíblia foi inspirada por Deus, mas
nem toda ela foi dada por revelação. Lucas, por exemplo, foi inspirado a examinar trabalhos
já conhecidos e escrever o Evangelho que traz o seu nome. (Ver Lucas 1.1-4). O mesmo se
deu com Moisés, que foi inspirado a registrar o que presenciara, como relata o Pentateuco.
Exemplos de partes da Bíblia que foram dadas por revelações:
a. Os primeiros capítulos de Gênesis. Como escreveria Moisés sobre um assunto
anterior a si mesmo? Se não foi revelação, deve ter lançado mão de escritores existentes. Há
uma antiga tradição hebraica que declara isto.
b. José interpretando os sonhos de Faraó (Gn 40.8; 41.15,16,38,39).
c. Daniel declarando ao rei Nabucodonosor o sonho que este havia esquecido, e em
seguida interpretando-o (Dn 2.2-7,19,28-30).
d. Os escritos do apóstolo Paulo. Ora, Paulo não andou com o Senhor Jesus. Ele
creu por volta do ano 35 d.C, porém, em suas epístolas, conduz-nos a profundezas de ensino
doutrinário sobre a Igreja, inclusive no que tange à escatologia. Assuntos de primeira
grandeza sobre a regeneração, justificação, paracletologia, ressurreição, glorificação, etc,
são abordados por ele. - Como teve Paulo conhecimento de tudo isso? Ele mesmo no-lo diz
em Gálatas 1.11,12 e Efésios 3.3-7: por revelação! Nos seus escritos, há passagens onde
essa revelação é bem patente, como em 1 Coríntios 11.23-26, onde ele diz: "Porque eu
recebi do Senhor o que também vos ensinei..." Por sua vez, o capítulo 15 de 1 Coríntios,
também por ele escrito, é a passagem mais profunda e completa da Bíblia sobre a
ressurreição.
Diferença entre declarações da Bíblia e registro de declarações
A Bíblia não mente, mas registra mentiras que outros proferiram. Nesses casos, não é
a mentira do registro que foi inspirada, e sim o registro da mentira. A Bíblia registra que o
insensato diz no seu coração "Não há Deus" (SI 14.1). Esta declaração "Não há Deus" não
foi inspirada, mas inspirado foi o seu registro pelo escritor. Outro exemplo marcante é o do
caso da morte do rei Saul. Este morreu lançando-se sobre sua própria espada (1 Sm 31.4);
no entanto, o amalequita que trouxe a notícia de sua morte, mentiu, dizendo que fora ele
quem matara Saul (2 Sm 1.6-10). Ora, o que se deu aí foi apenas o registro da declaração do
amalequita, mas não significa que a Bíblia minta. Há muitos desses casos que os inimigos
da Bíblia aproveitam para desfazer dos santos escritos. A Bíblia registra, inclusive,
declarações de Satanás. Suas declarações não foram inspiradas por Deus, e sim o registro
delas. Sansão mentiu mais de uma vez a Dalila; a Bíblia não abona isso, apenas registra o
fato (Jz cap. 16). Durante a leitura bíblica, é preciso verificar: quem está falando, para quem
está falando, para que tempo está falando, e em que sentido está falando.
II. A PERFEITA HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA (2ª prova)
A existência da Bíblia até os nossos dias só pode ser explicada como um milagre. Há
nela 66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses
homens, na maior parte dos casos, não se conheceram. Viveram em lugares distantes de três
continentes, escrevendo em duas línguas principais. Devido a estas circunstâncias, em
muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já havia sido escrito. Muitas vezes um
escritor iniciava um assunto e, séculos depois, outro completava-o, com tanta riqueza de
detalhes, que somente um livro vindo de Deus podia ser assim. Uma obra humana, em tais
circunstâncias, seria uma babel indecifrável!
Consideremos alguns pormenores dessa harmonia.
a. Os escritores foram homens de todas as atividades da vida humana, daí a
diversidade de estilos encontrados na Bíblia. Moisés foi príncipe e legislador, além de
general. Josué foi um grande comandante. Davi e Salomão, reis e poetas. Isaías, estadista e
profeta. Daniel, chefe de estado. Pedro, Tiago e João, pescadores. Zacarias e Jeremias, sacerdotes
e profetas. Amos era homem do campo: cuidava de gado. Mateus, funcionário
público. Paulo, teólogo e erudito, e assim por diante. Apesar de toda essa diversidade,
quando examinamos os escritos desses homens, sob tantos estilos diferentes, verificamos
que eles se completam, tratando de um só assunto! O produto da pena de cada um deles não
gerou muitos livros, mas um só livro, poderoso e coerente!
b. As condições. Não houve uniformidade de condições na composição dos livros da
Bíblia. Uns foram escritos na cidade, outros no campo, no palácio, em ilhas, em prisões e no
deserto. Moisés escreveu o Pentateuco nas solitárias paragens do deserto. Jeremias, nas
trevas e sujidade da masmorra. Davi, nas verdes colinas dos campos. Paulo escreveu muitas
de suas epístolas nas prisões. João, no exílio, na ilha de Patmos. Apesar de tantas diferentes
condições, a mensagem da Bíblia é sempre única. O pensamento de Deus corre uniforme e
progressivo através dela, como um rio que, brotando de sua nascente, vai engrossando e aumentando
suas águas até tornar-se caudaloso. A mensagem da Bíblia tem essa continuidade
maravilhosa!
c. Circunstâncias. As circunstâncias em que os 66 livros foram escritos também são
as mais diversas. Davi, por exemplo, escreveu certas partes de seus trabalhos no calor das
batalhas; Salomão, na calma da paz... Há profetas que escreveram em meio a profunda
tristeza, ao passo que Josué escreveu durante a alegria da vitória. Apesar da pluralidade de
condições, a Bíblia apresenta um só sistema de doutrinas, uma só mensagem de amor, um só
meio de salvação. De Gênesis a Apocalipse há uma só revelação, um só pensamento, um só
propósito.
d. A razão dessa harmonia e unidade. Se a Bíblia fosse um livro puramente humano,
sua composição seria inexplicável. Suponhamos que 40 dos melhores escritores atuais,
providos de todo o necessário, fossem isolados uns dos outros, em situações diferentes, cada
um com a missão de escrever uma obra sua. Se no final reuníssemos todas as obras, jamais
teríamos um conjunto uniforme. Seria a pior miscelânea imaginável! - Concorda o leitor?
Pois bem, imagine isto acontecendo nos antigos tempos em que a velha Bíblia foi escrita...
A confusão seria muito maior! Não havia meios de comunicação, nem facilidades materiais,
mas dificuldades de toda a sorte. IMAGINE O QUE SERIA A BÍBLIA SE NÃO FOSSE A
MÃO DE DEUS!
Não há na Bíblia contradição doutrinária, histórica ou científica. Uma coisa
maravilhosa é que esta unidade não jaz apenas na superfície; quanto mais profundo for o
estudo, tanto mais ela aparecerá. Há, é certo, na Bíblia, aparentes contradições. Seus
inimigos sustentam haver erros nela em grande quantidade. Mas o que acontece é que estando
alguém com uma trave no olho (Mt 7.3-5), sua visão fica deformada. Um espírito
farisaico, ceticista e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, geralmente porque já se
dirige a ela com idéias preconcebidas e falsas.
Há uma história interessante de uma senhora que estava falando das roupas amarelas
que sua vizinha punha a secar no varal, porém, na semana seguinte, lavando ela sua vidraça
e olhando para fora, disse - a vizinha mudou muito; suas roupas estão alvas agora... Mas
eram suas vidraças que estavam sujas! A diferença estava aí.
Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como
tradução mal feita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda,
falsa aplicação aos sentidos do texto, etc. Portanto, quando encontrarmos na Bíblia um
trecho discrepante, NÃO PENSEMOS LOGO QUE É ERRO! Saibamos refletir como
Agostinho, que disse: "Num caso desses, deve haver erro do copista, tradução mal feita do
original, ou então -sou eu mesmo que não consigo entender..."
Quanto à unidade física da Bíblia, ninguém sabe ao certo como os 66 livros se
encontraram e se agruparam num só volume. Isto foi obra de Deus! Sabemos que os escritores
não escreveram os 66 livros de uma vez, nem em um só lugar, nem com o objetivo
de reuni-los num só volume, mas em intervalos, durante 16 séculos, e, em lugares que vão
da Babilônia a Roma!
Finalizando o estudo desta prova da Bíblia como Palavra de Deus, reiteramos que a
perfeita harmonia desse livro é, para a mente humilde e sincera, uma prova incontestável da
sua origem divina. É uma prova de que uma única mente via tudo e guiava os escritores.
Suponhamos que, na cidade onde moramos, um edifício fosse ser construído com
pedras a serem preparadas em várias partes do Brasil. Chegadas as pedras, ao serem colocadas,
encaixavam-se perfeitamente na construção, satisfazendo todos os detalhes e
requisitos da planta. - Que diria o leitor se tal fato acontecesse? - Que apenas um arquiteto
dirigira os operários nas diversas pedreiras, dando minuciosas instruções a cada um deles. É
o caso da Bíblia - O Templo da verdade de Deus. As "pedras" foram preparadas em tempos
e lugares remotos, mas ao serem postas juntas, combinaram-se perfeitamente, porque atrás
de cada elemento humano estava em operação a mente infinita de Deus!
III. A APROVAÇÃO DA BÍBLIA POR JESUS (3ª Prova)
Inúmeras pessoas sabem quem é Jesus; crêem que Ele fez milagres; crêem em sua
ressurreição e ascensão, mas... não crêem na Bíblia! Essas pessoas precisam conhecer a
atitude e a posição de Jesus quanto à Bíblia. Ele leu-a (Lc 4.16-20); ensinou-a (Lc 24.27);
chamou-a "A Palavra de Deus" (Mc 7.13); e cumpriu-a (Lc 24.44).
A última referência citada (Lc 24.44) é muito maravilhosa, porque aí Jesus põe sua
aprovação em todas as Escrituras do Antigo Testamento, pois Lei, Salmos e Profetas eram
as três divisões da Bíblia nos dias do Novo Testamento.
Jesus também afirmou que as Escrituras são a verdade (Jo 17.17). Viveu e procedeu
de conformidade com elas (Lc 18.31). Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito
Santo (Mc 12.35,36). No deserto, ao derrotar o grande inimigo, fê-lo com a Palavra de Deus
(Dt 6.13,16; 8.3).
Nota - O título "Sagradas Escrituras" ou "Escrituras" pode vir no plural ou singular,
porém sempre com letra maiúscula. Exemplos no plural: Mateus 21.42; Lucas 24.32; João
5.39. No singular: João 7.38,42; 19.36,37; 20.9; Atos 8.32. No singular e com minúscula
refere-se a uma passagem particular: Marcos 12.10; Lucas 4.21; Atos 1.16 -(todas no ARC:
a ARA põe tudo em maiúsculas). "Sagradas Escrituras", ou "A Sagrada Escritura", é o nome
sagrado da revelação divina, assim como "Testamento" é o seu nome de compromisso, e
"Bíblia", seu nome como livro.
O leitor poderá dizer: - "Tratamos do Antigo Testamento, e, do Novo?" - Bem,
quanto ao Novo Testamento, em João 14.26, o Senhor Jesus, antecipadamente, pôs o selo de
sua aprovação divina ao declarar: "O Espírito Santo... vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". Assim sendo, o que os apóstolos ensinaram e
escreveram não foi a recordação deles mesmos, mas, a do Espírito Santo. No mesmo
Evangelho, capítulo 16.13,14, o Senhor disse ainda que o Espírito Santo os guiaria em "toda
a verdade"; portanto, no NT temos a essência da revelação divina. No versículo 12 do citado
capítulo, Jesus mostrou que seu ensino aqui foi parcial, devido à fraqueza dos discípulos,
mas ao mesmo tempo declarou que o ensino deles, sob a ação do Espírito Santo, seria
completo e abrangeria toda a esfera da verdade divina.
Diante de tudo que acabamos de dizer, quem aceita a autoridade de Cristo, aceita
também as Escrituras como de origem divina, tendo em vista o testemunho que delas dá o
Senhor Jesus. - Quem pode apresentar argumentos? 40
IV. O TESTEMUNHO DO ESPIRITO SANTO DENTRO DO CRENTE, QUANTO À BÍBLIA (4ª prova)
Em cada pessoa que aceita Jesus como Salvador, o Espírito Santo põe em sua alma a
certeza quanto à autoridade da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém
ensinar isso. Quem de fato aceita Jesus, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus,
sem argumentar. Em João 7.17, o Senhor Jesus mostra como podemos ter dentro de nós o
testemunho do Espírito Santo quanto à autoria divina da Bíblia: "Se alguém quiser fazer a
vontade de Deus..." Assim como o Espírito Santo testifica que nós, os crentes, somos filhos
de Deus (Rm 8.16), testifica-nos também que a Bíblia é a mensagem de Deus para nós
mesmos. Esse testemunho do Espírito Santo no interior do crente, no tocante às Escrituras, é
superior a todos os argumentos humanos! É aqui que labora em erro a Igreja Romana, ao
afirmar que, para se crer na origem divina da Bíblia é preciso decisão da referida igreja,
como se a verdade de Deus dependesse da opinião de homens, como bem o disse o teólogo
e reformador Calvino.
V. O CUMPRIMENTO FIEL DAS PROFECIAS DA BÍBLIA (5ª prova)
O Antigo Testamento é um livro de profecias (Mt 11.13). O Novo Testamento, em
grande parte, também o é. Referimo-nos aqui, evidentemente às profecias no sentido
preditivo. Há, no Antigo Testamento, duas classes dessas profecias: as literais, e as
expressas por tipos e símbolos. Destas há inúmeras no Tabernáculo (Hb 10.1). Muitas
profecias da Bíblia já se cumpriram no passado, em sentido parcial ou total; muitas outras
cumprem-se em nossos dias, e muitas outras ainda se cumprirão no futuro. As profecias
sobre o Messias, proferidas séculos antes de seu nascimento, cumpriram-se literalmente e
com toda a precisão quanto a tempo, local e outros detalhes. Por exemplo: Gênesis 49.10;
Salmo 22; Isaías 7.14; 53 (todo); Daniel 9.24-. 26; Miquéias 5.2; Zacarias 9.9 etc. Outro
ponto saliente nas profecias bíblicas é o referente à nação israelita. A Bíblia prediz sua
dispersão, seu retorno, sua restauração e seu progresso material e espiritual. Exemplos:
Levítico 26.14,32,33; Deuteronômio 4.25-27; 28.15,64; Isaías 60.9; 61.6; 66.8; Jeremias
23.3; 30.3; Ezequiel 11.17; 36; 37.
Em Ezequiel 37, está uma das mais claras profecias sobre o despertamento nacional e
espiritual do povo israelita. O cumprimento dessas profecias está em marcha perante nossos
olhos. Há inúmeros outros casos de famosas profecias bíblicas. Ciro, o monarca persa, Deus
chamou-o pelo nome através do profeta Isaías, 150 anos antes do seu nascimento! (Is
44.28). Josias, rei de Judá, também foi chamado pelo nome 300 anos antes do seu
nascimento. (Ver 1 Reis 13.2 com 2 Reis 23.15-18.) Os últimos quatro impérios mundiais -
Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, são admiravelmente descritos muitos anos antes de eles
surgirem no horizonte do cenário mundial. (Ver Daniel capítulo 2 e 7). Também, com uma
precisão incrível, a história de toda a raça humana é descrita em forma profética (isto é, a
história no sentido natural), em Gênesis 9.25-27.
O cumprimento contínuo das profecias da Bíblia é uma prova de sua origem divina.
O que Deus disse sucederá (Jr 1.12). Graças a Deus por tão sublime e glorioso Livro!
VI. A INFLUÊNCIA BENÉFICA DA BÍBLIA NAS PESSOAS E NAÇÕES (6? prova)
O mundo hoje é melhor devido à influência da Bíblia. Mesmo os próprios inimigos
da Bíblia admitem que nenhum livro em toda história da humanidade teve tamanha
influência para o bem; eles reconhecem o seu efeito sadio na civilização. Milhões de
pessoas antes de conhecerem, amarem e obedecerem a este Livro, eram escravos do pecado,
dos vícios, da idolatria, do medo, das superstições, da feitiçaria. Eram mundanas, vaidosas,
iracundas, desconfiadas, etc. Mas, depois que abraçaram este Livro, foram por ele
transformadas em criaturas salvas, alegres, libertas, felizes, santificadas. Abandonaram todo
o mal em que antes viviam e tornaram-se boas pessoas para a família, para a sociedade e
para a pátria. Mostrem-me, se for possível, outro livro com o poder de influenciar e
transformar beneficamente, não só indivíduos, mas regiões e nações inteiras, conduzindo-os
a Deus!
Disse o grande comentador devocional da Bíblia, Dr. F. B. Meyer: "O melhor
argumento em favor da Bíblia é o caráter que ela forma".
Vejamos um pouco da condição moral de alguns povos sem a Bíblia:
a. Os gregos. Dentre os povos antigos, os gregos foram os mais cultos e doutos nas
letras. Seus filósofos e literatos foram os maiores de todos os tempos. No entanto, a grande
cultura grega e seus livros sem conta, nunca detiveram a onda de licenciosidade, impureza e
idolatria que sempre prevaleceu no mundo grego. Em Corinto, por exemplo, havia, no
templo de Vênus, mil mulheres devotas que traziam ao seu tesouro os lucros de sua
impureza. Sócrates fazia da moral o assunto único da sua filosofia, e mesmo assim,
recomendava a adivinhação, e ele próprio se entregava à fornicação. Platão, o grande
discípulo de Sócrates, ensinava que mentir era coisa honrosa. A sabedoria deles e seus
milhares de livros não os conduziu à salvação desses e outros males. Estes dois, Platão e
Sócrates, foram homossexuais ativos, como relata o historiador romano Suetônio.
b. Os romanos foram os mais famosos como legisladores, guerreiros, oradores e
poetas. Sua legislação, em parte, era boa, porque em parte veio de Moisés (o maior legislador).
Muitas das leis brasileiras vêm das leis portuguesas, que, por sua vez, vieram das
romanas, hauridas, como já dissemos, do Pentateuco. No entanto, o padrão dos costumes e
da moral, foi dos mais baixos em Roma, como bem registra a História. Mesmo entre as
famílias abastadas, civilizadas e regularmente constituídas, as descobertas arqueológicas,
gravuras e descrições revelam fatos que o recato proíbe enumerar. Cícero, o maior orador
romano, um espécime de excelência dentre os romanos, defende a fornicação, e a
recomenda, e, por fim, pratica o suicídio. Catão, o Censor, tido como o mais perfeito
modelo de virtude, foi réu da prostituição e embriaguez; advogou, e, mais tarde, praticou o
suicídio.
Júlio César tinha encontros amorosos com o rei Nicomedes da Bitínia. O imperador
Calígula (37-41 d.C.) viveu amasiado com sua irmã Drusila (Suetônio). Nero, o famigerado
imperador romano, viveu com sua irmã Agripina. Viveu depois amasiado com dois
eunucos; o primeiro chamado Sporus, e o segundo Doríphorus (Suetônio). Messalina, a
imperatriz, esposa de Cláudio, imperador de 41-54 d.C. foi extremamente depravada
(Juvenal).
Se isto era assim entre a classe alta, o que não acontecia na classe baixa?
É somente a Bíblia que nos faz ser diferentes desses povos. Sem ela, nós nos
tornaríamos semelhantes a eles. O nosso mundo orgulha-se hoje de ter atingido os píncaros
do saber e de haver produzido os mais importantes e melhores livros, entretanto a onda de
pecado e mal avassala a humanidade como um rolo compressor. Comparemos tudo isso com
o caráter, a formação, a personalidade ideal dos verdadeiros seguidores da Bíblia!
Todo homem que vive a Bíblia, pautando sua vida pelos seus santos ensinos, também
ama a Deus e vive para Ele. Por outro lado, todos os que se opõem à Bíblia e rejeitam sua
autoria divina, vivem para si mesmos; são obstinados, cruéis, desumanos, instáveis,
prepotentes; ímpios, acima de tudo. Em suma, quanto mais o homem crê em Deus, mais
aproxima-se da Bíblia. É como disse certa senhora crente a um moço, nos Estados Unidos:
"Este livro te guardará do pecado, ou o pecado te guardará deste livro!"
Quanto à educação, não há filosofia educacional segura se não for alicerçada sobre os
ensinos fundamentais da Bíblia. A educação moderna reconhece que a formação do caráter
é a suprema finalidade de seu trabalho, mas, isto não irá muito longe, a menos que se
reconheça que a única base do verdadeiro caráter é a Bíblia. Fé na Bíblia é a maior força de
qualquer moço ou moça na prossecução da vida e da carreira educacional. A mocidade
precisa saber disso. A tragédia é que, professores aos milhares em todo o mundo, saturados
e narcotizados por falsa dialética e filosofia vil, desencaminham os jovens, desde a mais
tenra idade. Saiba-se, portanto, que a Bíblia é o livro mais maravilhoso do mundo, e que
seus ensinos tão simples e ao mesmo tempo profundos, servirão de guia para a sua vida mais
feliz e mais bem sucedida, sendo sempre a base segura e única para encontrarmos o nosso
Criador na eternidade.
Considerando tudo que acabamos de dizer quanto à influência poderosa da Bíblia e
seu poder transformador, evidenciado tanto nos indivíduos como em nações inteiras,
perguntamos: - Donde vem tal livro, senão de Deus?
VII. A BÍBLIA É SEMPRE NOVA E INESGOTÁVEL (7ª prova)
O tempo não afeta a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo e ao mesmo tempo o
mais moderno. Em mais de 20 séculos o homem não pôde melhorá-la... Se a Bíblia fosse de
origem humana, é claro que em dois milênios, ela de há muito estaria desatualizada. Uma
vez que o homem moderno se jacta de tanto saber, era de esperar que já tivesse produzido
uma Bíblia melhor! Realmente isto é uma evidência da Bíblia como a Palavra de Deus!
Tendo em vista o vasto progresso alcançado pelo homem, especialmente nos dois últimos
séculos, só podemos dizer que, se ele não produziu um livro melhor, para substituir a Bíblia,
é porque não pôde. Muitos também reclamam por não ser estritamente científica a
linguagem da Bíblia. Ora, a Bíblia trata primeiramente da redenção da humanidade. Além
disso, termos científicos mudam ou ficam para trás, à medida que a ciência avança. Sempre
temos termos novos na Ciência.
A Bíblia nunca se torna um livro antigo, apesar de ser cheio de antigüidades. Ela é
tão hodierna como o dia de amanhã. Sua mensagem milenar tanto satisfaz a criança como o
ancião encanecido. A Bíblia pode ser lida vezes sem conta sem se poder encontrar suas
profundezas e sem que o leitor perca por ela o interesse. - Acontece isso com os demais
livros?! Quem já se cansou de ler Salmo 23; João 3.16; Romanos 12; 1 Coríntios 12? É que
cada vez que lemos essas passagens (para não falar nas demais), descobrimos coisas que
nunca tínhamos visto antes. Depois de quase 2.000 anos de escrito o último livro da Bíblia,
a impressão que se tem é que a tinta do original está ainda secando...
Até o fim dos tempos o velho e precioso Livro continuará a ser a resposta às
indagações da humanidade a respeito de Deus e do homem. Nos seus milhares de anos de
leitura, a Bíblia nunca foi esgotada por ninguém.
VIII. A BÍBLIA É FAMILIAR A CADA POVO OU INDIVÍDUO EM QUALQUER LUGAR (8ª prova)
Através do mundo inteiro, qualquer crente, ao ler a Bíblia, recebe sua mensagem
como se esta fora escrita diretamente para ele. Nenhum crente tem a Bíblia como livro
alheio, estrangeiro, como acontece aos demais livros traduzidos. Todas as raças consideram
a Bíblia como possessão sua. Por exemplo, ao lermos "O Peregrino" sabemos que ele é
inglês; ao lermos "Em Seus passos que Faria Jesus?" sabemos que é norte-americano,
porque seus autores são oriundos desses países. - É assim com a Bíblia? - Não! Nós a
recebemos como "nossa". Isso acontece em qualquer país onde ela chega. Ninguém tem a
Bíblia como livro "dos outros". Isto prova que ela procede de Deus - o Pai de todos!
- Qual a pessoa que, ao ler o Salmo 23, acha que ele foi escrito para os judeus? Aos
que vivemos no Brasil, a impressão que temos é que ele foi escrito diretamente para nós. A
mesma coisa dirão os irmãos dos demais países. A mensagem da Bíblia é a mesma em todas
as línguas. Nisto vemos que ela é diferente de todos os demais livros do mundo. Se fosse
produto humano, não se ajustaria às línguas de todas as nações. Nenhum outro livro pode
igualar-se à Bíblia nessa parte. É mais uma prova da sua origem divina.
IX. A SUPERIORIDADE DA BÍBLIA EM RELAÇÃO AOS DEMAIS LIVROS, QUANTO À COMPOSIÇÃO (9ª prova)
É muito interessante comparar nalguns pontos os ensinos da Bíblia com os de
Zoroastro, Buda, Confúcio, Sócrates, Sólon, Marco Aurélio e muitos outros autores pagãos.
Os ensinos da Bíblia superam os desses homens em todos os pontos imagináveis. Só dois
pontos vamos destacar dessa superioridade.
a. A Bíblia contém mais verdades que todos os demais livros juntos. Ajuntem, se
possível, todos os melhores pensamentos de toda a literatura antiga e moderna; retirem o
imprestável; ponham toda a verdade escolhida num volume, e verão que este jamais
substituirá a Bíblia! Entretanto, a Bíblia não é um volume grande. Pode ser conduzida no
bolso do paletó. Todavia, há mais verdades neste pequeno livro do que em todos os outros
que o homem produziu em todos os séculos. - Como se pode explicar isso? - Há somente
uma resposta racional e judiciosa: este livro não veio do homem: veio de Deus!
b. A Bíblia só contém verdade. Se há mentiras, não são dela; apenas nela foram
registradas. Ao passo que os demais livros contêm verdade misturada com mentira ou erro.
Reconhecemos que há jóias preciosas nos livros dos homens, mas, é como disse certa vez
Joseph Cook: "São jóias retiradas da lama!" Qualquer verdade encontrada em trabalhos
humanos, seja do ponto de vista moral ou espiritual, acha-se em essência no velho Livro.
Comparemos alguns dos melhores ensinos desses famosos homens, especialmente dos
decantados filósofos, com os da Bíblia. De fato, seus ensinos contêm jóias de real valor,
mas, estas, quer saibam eles quer não, são jóias roubadas, e do Livro que eles ridicularizam!
Poderíamos incluir aqui também a superioridade da Bíblia quanto aos demais livros,
no que tange à sua preservação em meio a tantos ataques, em todos os tempos.
X. A IMPARCIALIDADE DA BÍBLIA (10ª prova)
Se a Bíblia fosse um livro originado do homem, ela não poria a descoberto as faltas e
falhas dele. Os homens jamais teriam produzido um livro como a Bíblia, que só dá toda a
glória a Deus e mostra a fraqueza do homem (Jó 14; 17.1; 27; SI 50.21,22; 51.5; 1 Co 1.19-
25). A Bíblia tanto diz que Davi era um homem segundo o coração de Deus (At 13.22),
como também revela seus pecados, como vemos nos livros de Reis, Crônicas e Salmos. É
também o caso da embriaguez de Noé, da dissimulação de Abraão, de Ló, da idolatria e
luxúria de Salomão. Nada disto está escrito para nossa imitação, mas para nossa
admoestação e para provar a imparcialidade da Bíblia. É ela o único livro assim.
Só a Bíblia ensina que o homem está em condições físicas, mentais e morais
decadentes e que, se deixado só, decairá cada vez mais. Os livros humanos ensinam o
oposto. Dizem que há no homem uma "Força residente" que constantemente procura eleválo.
Este ensinamento é agradável ao homem, porque o homem adora crer que se está desenvolvendo
às suas custas, apesar dos milhares de sepulturas que são acrescentadas
diariamente aos cemitérios. O homem jamais escreveria um livro como a Bíblia, que põe em
relevo as suas fraquezas e defeitos.
Conclusão sobre a origem da Bíblia
Deus é o único que pode ter sido o autor da Bíblia, por que:
a) Homens ímpios jamais iriam produzir um livro que sempre os está condenando.
b) Homens justos e piedosos jamais cometeriam o crime de escreverem um livro e
depois fazerem o mundo crer que esse livro é obra de Deus.
c) Os judeus - guardiães da Bíblia, jamais poderiam ser os autores dela, pois ela
sempre condena suas transgressões, pondo seus defeitos a descoberto. Também se eles tivessem
podido mexer nela, teriam apagado todos esses males, idolatrias e rebeliões contra
Deus, nela registrados.
QUESTIONÁRIO
1. Quais as duas coisas que, em resumo, notam-se na Bíblia?
2. Qual a finalidade precípua do estudo da Bíblia?
3. Qual deve ser a causa motivante do ensino da Bíblia aos outros?
4. Se as provas que apresentamos da Bíblia como a Palavra de Deus não são para
crermos que ela é divina, por que as apresentamos então?
5. O que acontece à Bíblia em meio aos "ismos" sem conta, prevalecentes em nossos
dias?
6. Quais as duas táticas apresentadas, usadas pelo Diabo contra as Sagradas
Escrituras?
7. Como deve ser a nossa crença na Bíblia? e como não deve ser?
8. Que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo? Cite uma referência
bíblica.
9. Por que é a Bíblia chamada "A Palavra de Deus"?
10. Como diz literalmente o original em 2 Timóteo 3.16: "Toda a Escritura é
inspirada por Deus"?
11. Que é "inspiração" no sentido fisiológico?
12. Dê a definição de "inspiração divina"
13. Que revela a expressão "Assim diz o Senhor", tão comum através da Bíblia?
14. Mencione as 5 teorias falsas, estudadas, da inspiração da Bíblia.
15. Dê a súmula de cada uma das 5 teorias falsas apresentadas.
16. Como é conhecida a teoria correta da inspiração da Bíblia? Descreva essa teoria.
17. Cessou ou continua a "inspiração plenária"? Se cessou, quando ocorreu isso?
18. Mostre a diferença entre "revelação" e "inspiração" no tocante à Bíblia.
19. Mostre a diferença entre declarações da própria Bíblia e registros de declarações
de ou trem.
20. Considerando a prova da perfeita harmonia e unidade da Bíblia, teça
considerações sobre:
a) os seus escritores,
b) as condições em que escreveram,
c) as circunstâncias em que escreveram,
d) a razão da harmonia e unidade das Escrituras.
21. Se falhas forem encontradas na Bíblia, donde procedem? Mencione algumas
dessas possíveis falhas.
22. Quanto à prova da "Aprovação da Bíblia por Jesus", mencione três atitudes ou
posições dele sobre a Bíblia.
23. Qual a referência bíblica de Lucas, onde Jesus põe sua autenticação divina em
todo o Antigo Testamento?
24. Qual a passagem de João onde Jesus, antecipadamente, aprovou todo o Novo
Testamento?
25. A que é superior o testemunho do Espírito Santo no crente, no tocante à Bíblia
como a Palavra de Deus?
26. Quais as duas classes de profecias preditivas? Cite pelo menos 4 casos.
27. Qual a influência da Bíblia naqueles que a aceitam? Cite exemplos entre os povos
que a desconhecem, mesmo os mais adiantados como foram os gregos, romanos e
babilônicos.
28. Mostre como o tempo não afeta a Bíblia.
29. Quanto ao tempo, qual a impressão que se tem ao ler a Bíblia?
30. Dê a súmula da prova que apresenta a Bíblia como familiar a cada povo ou
indivíduo que a aceita, em qualquer lugar.
31. Dê a súmula da superioridade da Bíblia em relação a todos os demais livros, nos
dois pontos apresentados.
32. Descreva como se manifesta a imparcialidade da Bíblia como prova de sua
origem divina, isto é, como a Palavra de Deus.
4 O Cânon da Bíblia e sua evolução histórica
Cânon ou Escrituras canônicas é a coleção completa dos livros divinamente
inspirados, que constituem a Bíblia.
Cânon é palavra grega, e significa, literalmente, "vara reta de medir", assim como
uma régua de carpinteiro. No Antigo Testamento, o termo aparece no original em passagens
como Ezequiel 40.5: "Vi um muro exterior que rodeava toda a casa e, na mão do homem,
uma cana de medir, de seis côvados, cada um dos quais tinha um côvado e um palmo; ele
mediu a largura do edifício, uma cana, e a altura, uma cana."
No sentido religioso, cânon não significa aquilo que mede, mas aquilo que serve de
norma, regra. Com este sentido, a palavra cânon aparece no original em vários lugares do
Novo Testamento:
"E a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia
sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus" (Gl 6.16).
"Nós, porém, não nos gloriaremos sem medida, mas respeitamos o limite da esfera de
ação que Deus nos demarcou e que se estende até vós" (2 Co 10.13).
"Não nos gloriando fora de medida nos trabalhos alheios, e tendo esperança de que,
crescendo a vossa fé, seremos sobremaneira engrandecidos entre vós, dentro da nossa esfera
de ação" (2 Co 10.15).
"Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos" (Fp 3.16).
A Bíblia, como o cânon sagrado, é a nossa norma ou regra de fé e prática. Diz-se dos
livros da Bíblia que são canônicos para diferençá-los dos apócrifos. O emprego do termo
cânon foi primeiramente aplicado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-254 d.C.)
I. O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
Na época patriarcal, a revelação divina era transmitida escrita e oralmente. A escrita
já era conhecida na Palestina séculos antes de Moisés; a Arqueologia tem provado isto,
inclusive tem encontrado inúmeras inscrições, placas, sinetes e documentos antediluvianos.
O Cânon do Antigo Testamento, como o temos atualmente, ficou completo desde o tempo
de Esdras, após 445 a.C. Entre os judeus, tem ele três divisões, as quais Jesus citou em
Lucas 24.44 -LEI, PROFETAS, ESCRITOS. A divisão dos livros no cânon hebraico é
diferente da nossa. Consiste em .24 livros em vez dos nossos 39, isto porque são
considerados um só livro, cada grupo dos seguintes:
-Os dois de Samuel....................................................... 1
-Os dois de Reis............................................................ 1
-Os dois de Crônicas..................................................... 1
-Os dois de Esdras e Neemias....................................... 1
-Os doze Profetas Menores........................................... 1
-Os demais livros do Antigo Testamento.................... 19
Total..........24
A disposição ou ordem dos livros no cânon hebraico é também diferente da nossa.
Damos a seguir essa disposição dentro da tríplice divisão do cânon, já mencionada (Lei,
Profetas, Escritos).
1. LEI__________5 livros________Gênesis, Êxodo, Levítico, Números,
Deuteronômio. 52
2. PROFETAS _ 8 livros________Divididos em:
Primeiros Profetas: Josué, Juizes, Samuel, Reis.
Últimos Profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze Profetas Menores.
3. ESCRITOS _ 11 livros________Divididos em:
Livros Poéticos: Salmos, Provérbios, Jó. Os Cinco Rolos: Cantares, Rute, Lamentações,
Eclesiastes, Ester.
Livros Históricos: Daniel, Esdras-Neemias, Crônicas.
Os Cinco Rolos eram assim chamados por serem separados, lidos anualmente em
festas distintas:
- CANTARES, na Páscoa, em alusão ao Êxodo.
- RUTE, no Pentecoste, na celebração da colheita, em seu início.
- ESTER, na festa do Purim, comemorando o livramento de Israel da mão do mau
Hamã.
- ECLESIASTES, na Festa dos Tabernáculos - festa de gratidão pela colheita.
- LAMENTAÇÕES, no mês de Abibe, relembrando a destruição de Jerusalém pelos
babilônicos.
No cânon hebraico também os livros não estão em ordem cronológica. Os judeus não
se preocupavam com um sistema cronológico. Também pode haver nisto um plano divino.
A nossa divisão em 39 livros vem da Septuaginta, através da Vulgata Latina. A
Septuaginta foi a primeira tradução das Escrituras, feita do hebraico para o grego, cerca de
285 a.C. Também a ordem dos livros por assuntos, nas nossas Bíblias, vem dessa famosa
tradução.
Nas palavras de Jesus, em Lucas 24.44, Ele chamou "Salmos" à última divisão do
cânon hebraico, certamente porque esse livro era o primeiro dessa divisão (ver a página
anterior). Segundo a nossa divisão, o Antigo Testamento começa com Gênesis e termina em
Malaquias, porém, segundo a divisão do cânon hebraico, o primeiro livro é Gênesis e o
último é Crônicas. Isto é visto claramente nas palavras de Jesus em Mateus 23.35 - o caso de
Abel está em Gênesis e o do filho de Baraquias está em Crônicas.
A Formação do Cânon do Antigo Testamento
O Cânon do Antigo Testamento foi formado num espaço de mais de mil anos (+ -
1046 anos) - de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por
volta de 1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C. Esdras não foi o último escritor na
formação do cânon do Antigo Testamento; os últimos foram Neemias e Malaquias, porém,
de acordo com os escritos históricos, foi ele que, na qualidade de escriba e sacerdote, reuniu
os rolos canônicos, ficando também o cânon encerrado em seu tempo.
A chamada Alta Crítica tem feito uma devastação com seu modernismo e suas
contradições no que concerne à formação, fontes de autenticidade do cânon, especialmente
o do Antigo Testamento, mutilando quase todos os seus livros. Em resumo, a Alta Crítica é
a discussão das datas e da autoria dos livros. Ela estuda a Bíblia do lado de fora,
externamente, baseada apenas em fontes do conhecimento humano. Por sua vez, a Crítica
Textual, também conhecida por Baixa Crítica, estuda o texto bíblico, e este somente, e, ao
lado da Arqueologia, vem alcançando um progresso valioso, posto à disposição do estudante
das Escrituras. Por exemplo, a teoria de que a escrita era desconhecida nos dias de Moisés já
foi destruída. E de ano para ano aumentam os achados nas terras bíblicas, evidenciando e
comprovando as narrativas e fatos do Antigo Testamento. Mediante tais provas irrefutáveis,
os homens estão tendo mais respeito pelo Livro Sagrado! Toda a Bíblia vem sendo confirmada
pela pá do arqueólogo e pelos eruditos em antigüidades bíblicas. Coisas que
pareciam as mais incríveis são hoje aceitas por todos, sem objeções. O estudante das Escrituras
deve estar prevenido contra a Alta Crítica.
A formação do cânon foi gradual. Houve, originalmente, a transmissão oral, como se
vê em Jó 15.18. Jó é tido como o livro mais antigo da Bíblia. Daremos em seguida a
seqüência da formação gradual do cânon do Antigo Testamento. Convém ter em mente aqui
que toda cronologia bíblica é apenas aproximada. Já no Novo Testamento, há precisão de
muitos casos. Essa cronologia vai sendo atualizada à medida que os estudos avançam e a
Arqueologia fornece informes oficiais:
1. Moisés, cerca de 1491 a.C, começou a escrever o Pentateuco, concluindo-o por
volta de 1451 a.C. (Números 33.2). Mais textos relacionados com Moisés e sua escrita do
Pentateuco: Êxodo 17.14; 24.4,7; 34.27. As partes do Pentateuco anteriores a Moisés, como
o relato da Criação, todo o livro de Gênesis e parte de Êxodo, ele escreveu, ou lançando
mão de fontes existentes (ver 2.4; 5.1), ou por revelação divina. Gênesis 26.5 dá a entender
que nesse tempo já havia "mandamentos, preceitos e estatutos" escritos. Há, é certo,
passagens do Pentateuco que foram acrescentadas posteriormente, como: Êxodo 11.3;
16.35; Deuteronômio 34.1-12.
2. Josué, sucessor de Moisés (1443 a.C), escreveu uma obra que colocou perante o
Senhor (Js 24.26).
3. Samuel (1095 a.C), o último juiz e também profeta do Senhor, escreveu, pondo
seus escritos perante o Senhor (1 Sm 10.25). Certamente "perante o Senhor" significa que
seus escritos foram depositados na Arca do Concerto com os demais escritos sagrados lá
depositados (Êx 25.21; Hb 9.4).
4. Isaías (770 a.C.) fala do "livro do Senhor" (Is 34.16), e "palavras do livro" (Is
29.18). São referências às Escrituras na sua formação.
5. Em 726 a.C, os Salmos já eram cantados (2 Cr 29.30). O fato aí registrado teve
lugar nesse tempo.
6. Jeremias, cuja chamada deu-se em 626 a.C, registrou a revelação divina (Jr
30.1,2). Tal livro foi queimado pelo mau rei Jeoaquim, em 607 a.C, porém Deus ordenou
que Jeremias preparasse novo rolo, o que foi feito mediante seu amanuense Baruque (Jr
36.1,2,28,32; 45.1).
7. No tempo do rei Josias (621 a.C), Hilquias achou o "Livro da Lei" (2 Rs 22.8-10).
8. Daniel (553 a.C.) refere-se aos "livros" (Dn 9.2). Eram os rolos sagrados das
Escrituras de então.
9. Zacarias (520 a.C.) declara que os profetas que o precederam falaram da parte do
Espírito Santo (7.12). Não há aqui referência direta a escritos, mas há inferência. Zacarias
foi o penúltimo profeta do Antigo Testamento, isto é, profeta literário.
10. Neemias, nos seus dias (445 a.C), achou o livro das genealogias dos judeus que
já haviam regressado do exílio (7.5); certamente havia outros livros.
11. Nos dias de Ester, o Livro Sagrado estava sendo escrito (Et 9.32).
12. Esdras, contemporâneo de Neemias, foi hábil escriba da lei de Moisés, e leu o
livro do Senhor para os judeus já estabelecidos na Palestina, de regresso do cativeiro
babilônico (Ne 8.1-5). Conforme 2 Macabeus e outros escritos judaicos, Esdras presidiu a
chamada Grande Sinagoga, que selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando,
dessa maneira, o cânon das Escrituras do Antigo Testamento. (Ver Esdras 7.10,14.) Essa
Grande Sinagoga era um conselho composto de 120 membros que se diz ter sido organizado
por Neemias, cerca de 410 a.C, sob a presidência de Esdras. Foi essa entidade que
reorganizou a vida religiosa nacional dos repatriados e, mais tarde, deu origem ao Sinédrio,
cerca de 275 a.C. A Esdras é atribuída a tríplice divisão do cânon, já estudada. Foi nesse
tempo, isto é, no tempo de Esdras, que os samaritanos foram expulsos da comunidade
judaica (Ne 13) levando consigo o Pentateuco, que é até hoje a Bíblia dos samaritanos. Isto
prova que o Pentateuco era escrito canônico.
13. Encontramos profeta citando outro profeta, do que se infere haver mensagem
escrita. (Comparar Miquéias 4.1-3 com Isaías 2.2-4.)
14. Filo, escritor de Alexandria (30 a.C. - 50 d.C) possuía todo o cânon do Antigo
Testamento. Em seus escritos ele cita quase todo o Antigo Testamento.
15. Josefo, o historiador judeu (37-100 d.C), contemporâneo de Paulo, diz,
escrevendo aos judeus, no livro "Contra Appion": "Nós temos apenas 22 livros, contando a
história de todo o tempo; livros em que nós cremos, ou segundo geralmente se diz, livros
aceitos como divinos. Desde os dias de Artaxerxes ninguém se aventurou a acrescentar, tirar
ou alterar uma única sílaba. Faz parte de cada judeu, desde que nasce, considerar estas
Escrituras como ensinos de Deus". Josefo foi homem culto e judeu ortodoxo de linhagem
sacerdotal. Foi governador da Galiléia e comandante militar nas guerras contra Roma.
Presenciou a queda de Jerusalém. Foi levado a Roma onde se dedicou a escritos literários.
Ora, o Artaxerxes que ele menciona é o chamado Longímano, que reinou de 465-424
a.C. Isso coincide com o tempo de Esdras e confirma as declarações de outras peças da
literatura judaica que ensinam ter Esdras presidido a Grande Sinagoga que selecionou e
preservou os rolos sagrados para a posterioridade. Josefo conta os livros do Antigo
Testamento como 22 porque considera Juizes e Rute como 1 (um) livro; Jeremias e
Lamentações também. Isto, para coincidir com o número de letras do alfabeto hebraico: 22.
16. Nos dias do Senhor Jesus, esse livro chamava-se Escrituras (Mt 26.54; Lc
24.27,45; Jo 5.39), com as suas três conhecidas divisões: Lei, Profetas, Salmos (Lc 24.44).
Era também chamado "A Palavra de Deus" (Mc 7.13; Jo 10.34,35). Note bem este título
aplicado pelo próprio Senhor Jesus! Outro fato notável é a citação feita por Jesus em Mateus
23.35 que autentica todo o Antigo Testamento!
17. Os escritores do Novo Testamento reconhecem como canônicos os livros do
Antigo Testamento, pois este é a miúdo citado naquele, havendo cerca de 300 referências
diretas e indiretas. Os escritores do Novo Testamento referem-se ao cânon do Antigo
Testamento como sendo oráculos divinos. (Compare Romanos 3.2; 2 Timóteo 3.16;
Hebreus 5.12).
Cremos que, começando por Moisés, à proporção que os livros iam sendo escritos,
eram postos no tabernáculo, junto ao grupo de livros sagrados. Esdras, como já dissemos,
após a volta do cativeiro, reuniu os diversos livros e os colocou em ordem, como coleção
completa. Destes originais eram feitas cópias para as sinagogas largamente disseminadas.
Data do reconhecimento e fixação do cânon do Antigo Testamento
Em 90 d.C. Em Jâmnia, perto da moderna Jope, em Israel, os rabinos, num concilio
sob a presidência de Johanan Ben Zakai, reconheceram e fixaram o cânon do Antigo
Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros, especialmente dos
"Escritos". Note-se porém que o trabalho desse concilio foi apenas ratificar aquilo que já era
aceito por todos os judeus através de séculos. Jâmnia, após a destruição de Jerusalém (70
d.C.) tornou-se a sede do Sinédrio - o supremo tribunal dos judeus. Livros desaparecidos,
citados no texto do Antigo Testamento
É digno de nota que a Bíblia faz referência a livros até agora desaparecidos. (Veja
Números 21.14; Josué 10.13 com 2 Samuel 1.18; 1 Reis 11.41; 1 Crônicas 27.24; 29.29; 2
Crônicas 9.29; 12.15; 13.22; 26.22; 33.19.) São casos cujo segredo só Deus conhece. Talvez
um dia eles venham à luz como o MSS de Qümram, Mar Morto, em 1947.
II. O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
Como no Antigo Testamento, homens inspirados por Deus escreveram aos poucos os
livros que compõem o cânon do Novo Testamento. Sua formação levou apenas duas
gerações: quase 100 anos. Em 100 d.C. todos os livros do Novo Testamento estavam
escritos. O que demorou foi o reconhecimento canônico, isto motivado pelo cuidado e
escrúpulo das igrejas de então, que exigiam provas concludentes da inspiração divina de
cada um desses livros. Outra coisa que motivou a demora na canonização foi o surgimento
de escritos heréticos e espúrios com pretensão de autoridade apostólica. Trata-se dos livros
apócrifos do Novo Testamento, fato idêntico ao acontecido nos tempos do encerramento do
cânon do Antigo Testamento.
A ordem dos 27 livros do Novo Testamento, como temos atualmente em nossas
Bíblias, vem da Vulgata, e não leva em conta a seqüência cronológica. 58
Livros desaparecidos, citados no Novo Testamento. Há também livros mencionados
no Novo Testamento até agora desaparecidos (1 Co 5.9; Cl 4.16).
a. Ás Epístolas de Paulo. Foram os primeiros escritos do Novo Testamento. São 13:
de Romanos a Filemom. Foram escritas entre 52 e 67 d.C. Pela ordem cronológica, o
primeiro livro do Novo Testamento é 1 Tessalonicenses, escrito em 52 d.C. 2 Timóteo foi
escrita em 67 d.C, pouco antes do martírio do apóstolo Paulo em Roma. Esses livros foram
também os primeiros aceitos como canônicos. Pedro chama os escritos de Paulo de
"Escrituras" - título aplicado somente à Palavra inspirada de Deus! (2 Pe 3.15,16).
b. Os Atos dos Apóstolos. Escrito em 63 d.C, no fim dos dois anos da primeira prisão
de Paulo em Roma (At 28.30).
c. Os Evangelhos. Estes, a princípio, foram propagados oralmente. Não havia perigo
de enganos e esquecimento porque era o Espírito Santo quem lembrava tudo e Ele é
infalível (Jo 14.26). Os Sinóticos foram escritos entre 60 a 65 d.C. Marcos, em 65. Em 1
Timóteo 5.18, Paulo, escrevendo em 65 d.C, cita Mateus 10.10. João foi escrito em 85.
Entre Lucas e João foram escritas quase todas as epístolas. Note-se que Paulo chama Mateus
e Lucas de "Escrituras" ao citá-los em 1 Timóteo 5.18; o original dessa citação está em
Mateus 10.10 e Lucas 10.7.
d. As Epístolas, de Hebreus a Judas, foram escritas entre 68 e 90 d.C. Quanto à
autoria de Hebreus, só Deus sabe de fato. Agostinho (354-430 d.C), bispo de Hipona, África
do Norte, afirma que seu autor é Paulo. As igrejas orientais atribuíram-na a Paulo, mas as
ocidentais, até o IV século recusaram-se a admitir isto. A opinião ainda hoje é a favor de
Paulo. Orígenes (185-254) - o homem mais ilustre da igreja antiga, e, anterior a Agostinho -
afirma: "Quem a escreveu só Deus sabe com certeza".
e. O Apocalipse. Escrito em 96 d.C, durante o reinado do imperador Domiciano.
Muitos livros antes de serem finalmente reconhecidos como canônicos foram
duramente debatidos. Houve muita relutância quanto às epístolas de Pedro, João e Judas
bem como quanto ao Apocalipse. Tudo isto tão-somente revela o cuidado da Igreja e
também a responsabilidade que envolvia a canonização. Antes do ano 400 d.C, todos os
livros estavam aceitos. Em 367, Atanásio, patriarca de Alexandria, publicou uma lista dos
27 livros canônicos, os mesmos que hoje possuímos; essa lista foi aceita pelo Concilio de
Hipona (África) em 393.
Data do reconhecimento e fixação do cânon do Novo Testamento
Isso ocorreu no III Concilio de Cartago, em 397 d.C. Nessa ocasião, foi
definitivamente reconhecido e fixado o cânon do Novo Testamento. Como se vê, houve um
amadurecimento de 400 anos.
A necessidade da mensagem escrita do Novo Testamento
A mensagem da Nova Aliança precisava ter forma escrita como a da Antiga. Após a
ascensão do Senhor Jesus, os apóstolos pregaram por toda parte sem haver nada escrito. Sua
Bíblia era o Antigo Testamento. Com o correr do tempo, o grupo de apóstolos diminuiu. O
Evangelho espalhou-se. Surgiu a necessidade de reduzi-lo à forma escrita, para ser
transmitido às gerações futuras. Era o plano de Deus em marcha. Muitas igrejas e indivíduos
pediam explicações acerca de casos difíceis surgidos por perturbações, falsas doutrinas,
problemas internos, etc. (Ver 1 Coríntios 1.11; 5.1; 7.1.)
Os judeus cumpriram sua missão de transmitir ao mundo os oráculos divinos (Rm
3.2). A Igreja também cumpriu sua parte, transmitindo as palavras e ensinos do Senhor
Jesus, bem como as que Ele, pelo Espírito Santo inspirou aos escritores sacros. Ele mesmo
disse: "Tenho muito que vos dizer... mas o Espírito de verdade... dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará o que há de vir" (Jo 16.12,13).
Dão testemunho da existência de livros do Novo Testamento, em seu tempo, os
seguintes cristãos primitivos, cujas vidas coincidiram com a dos apóstolos ou com os discípulos
destes:
Clemente de Roma, na sua carta aos Coríntios, em 95 d.C. cita vários livros do Novo
Testamento.
Policarpo, na sua carta aos Filipenses, cerca de 110 d.C, cita diversas epístolas de
Paulo.
Inácio, por volta de 110, cita grande número de livros em seus escritos.
Justino Mártir, nascido no ano da morte de João, escrevendo em 140 d.C, cita
diversos livros do Novo Testamento.
Irineu (130-200 d.C), cita a maioria dos livros do Novo Testamento, chamando-os
"Escrituras".
Orígenes (185-254 d.C), homem erudito, piedoso e viajado, dedicou sua vida ao
estudo das Escrituras. Em seu tempo, os 27 livros já estavam completos; ele os aceitou,
embora com dúvida sobre alguns (Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João).
III. DATAS E PERÍODOS SOBRE O CÂNON EM GERAL
O Antigo Testamento foi escrito no espaço de mais ou menos 1.046 anos; de 1491 a
445 a.C, isto é, de Moisés a Esdras. A data 445 é apenas um ponto geral de referência
cronológica quanto ao encerramento do cânon do Antigo Testamento. Se entrarmos em
detalhes sobre o último livro do Antigo Testamento em ordem cronológica - Malaquias,
teremos uma variação de espaço de tempo como veremos a seguir. O Pentateuco, como já
vimos, foi iniciado cerca de 1491 a.C. Malaquias, o último livro do Antigo Testamento por
ordem cronológica, foi escrito após 445, no final do governo de Neemias e do sacerdócio de
Esdras. Ora, isto foi a partir de 432, quando Neemias regressou a Jerusalém, procedente da
Pérsia, para onde tinha ido em 434, a fim de renovar sua licença (Ne 13.6). É a partir desse
ano que Malaquias entra em cena. Quando ele escreveu, talvez Neemias não estivesse mais
na Palestina, porque não o menciona em seu livro, como fazem Ageu e Zacarias, profetas
seus antecessores, os quais mencionam Zorobabel e Josué, respectivamente, governador e
sacerdote dos repatriados. (Ver Zacarias capítulos 3 e 4 e Ageu 1.1.)
Malaquias não menciona nominalmente Neemias, apenas menciona o "Governador"
(Ml 1.9). O próprio livro de Malaquias apresenta outras evidências internas que o colocam
de 432 em diante, como passamos a mostrar:
a. Em Malaquias 2.10-16, vê-se que os casamentos ilícitos que Esdras corrigira antes
de Neemias, em 516 (Ed 9 e 10), estavam ocorrendo outra vez. Isto coincide com o estado
descrito em Neemias 13, acontecido em 432.
b. Em Malaquias 3.6-12, havia pobreza no tesouro do templo. Situação idêntica à de
Neemias 13, reinante em 432.
c. As referências de Malaquias 1.13; 2.17; 3.14, indicam que o culto levítico já havia
sido restaurado há bastante tempo. Essa restauração temo-la ampliada em Neemias 12.44 ss.
Portanto, Malaquias deve ter sido escrito cerca de 432 a.C. Repetimos o que
dissemos há pouco: a data 445 é apenas um ponto geral de referência quanto ao
encerramento do cânon do Antigo Testamento. Foi esse o ano em que Esdras iniciou seu
grande ministério entre os repatriados de Israel. Se descermos a detalhes quanto ao livro de
Malaquias, partiremos de 432. Malaquias é o último livro do Antigo Testamento, quanto à
ordem cronológica. Quanto à disposição dos livros no corpo do cânon hebraico, o último
livro é 2 Crônicas, como já mostramos.
O Novo Testamento foi completado em menos de 100 anos, pois seu último livro, o
Apocalipse, foi escrito cerca de 96 d.C. Isto é, dá um total de 1.142 anos para a formação de
ambos os Testamentos (1.046 + 96). (Leve-se em conta que a cronologia bíblica é sempre
aproximada, pois os povos orientais não tinham um sistema fixo de computação de datas.)
Quando se fala do espaço total de tempo, que vai da escrita do Pentateuco ao
Apocalipse, é preciso intercalar os 400 anos do Período Interbíblico ocorrido entre os Testamentos,
o que dará um total de 1.542 anos (1.046 + 96 + 400). Por isso se diz que a Bíblia
foi escrita no espaço de 16 séculos. Este é o período no qual o cânon foi completado.
Noutras palavras: o cânon abrange na História um total de 1542 anos, porém foi escrito em
1.142 anos, aproximadamente.
IV. OS LIVROS APÓCRIFOS
Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o total de livros é 73, porque essa igreja,
desde o Concilio de Trento, em 1546, incluiu no cânon do Antigo Testamento 7 livros
apócrifos, além de 4 acréscimos ou apêndices a livros canônicos, acrescentando, assim, ao
todo, 11 escritos apócrifos.
A palavra "apócrifo" significa, literalmente, "escondido", "oculto", isto em referência
a livros que tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No sentido religioso, o termo
significa "não genuíno", "espúrio", desde sua aplicação por Jerônimo. Os apócrifos foram
escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo e o Novo Testamento, numa
época em que cessara por completo a revelação divina; isto basta para tirar-lhes qualquer
pretensão de canonicidade. Josefo rejeitou-os totalmente. Nunca foram reconhecidos pelos
judeus como parte do cânon hebraico. Jamais foram citados por Jesus nem foram reconhecidos
pela igreja primitiva.
Jerônimo, Agostinho, Atanásio, Júlio Africano e outros homens de valor dos
primitivos cristãos, opuseram-se a eles na qualidade de livros inspirados. Apareceram a primeira
vez na Septuaginta, a tradução do Antigo Testamento feita do hebraico para o grego.
Quando a Bíblia foi traduzida para o latim, em 170 d.C, seu Antigo Testamento foi
traduzido do grego da Septuaginta e não do hebraico. Quando Jerônimo traduziu a Vulgata,
no início do Século V (405 d.C), incluiu os apócrifos oriundos da Septuaginta, através da
Antiga Versão Latina, de 170, porque isso lhe foi ordenado, mas recomendou que esses
livros não poderiam servir como base doutrinária.
São 14 os escritos apócrifos: 10 livros e 4 acréscimos a livros. Antes do Concilio de
Trento, a Igreja Romana aceitava todo, mas depois passou a aceitar apenas 11: 7 livros e os
4 acréscimos. A Igreja Ortodoxa Grega mantém os 14 até hoje.
Os 7 livros apócrifos constantes das Bíblias de edição católico-romana são:
1) TOBIAS (Após o livro canônico de Esdras)
2) JUDITE (após o livro de Tobias)
3) SABEDORIA DE SALOMÃO (após o livro canônico
4) ECLESIÁSTICO (após o livro de Sabedoria)
5) BARUQUE (após o livro canônico de Jeremias)
6) 1 MACABEU
7) 2 MACABEU (ambos, após o livro canônico de Malaquias)
Os 4 acréscimos ou apêndices são:
1) ESTER (a Ester, 10.4 - 16.24)
2) CÂNTICO DOS TRÊS SANTOS FILHOS (a Daniel, 3.24-90)
3) HISTÓRIA DE SUZANA (a Daniel, cap. 13) e
4) BEL E O DRAGÃO (a Daniel, cap. 14)
Como já foi dito, dos 14 apócrifos, a Igreja Romana aceita 11 e rejeita 3, isto, após
1546 d.C. Os livros rejeitados são:
1) 3 ESDRAS
2) 4 ESDRAS E
3) A ORAÇÃO DE MANASSES
Os livros apócrifos de 3 e 4 Esdras são assim chamados porque nas Bíblias de edição
católico-romana o livro de ESDRAS é chamado 1 ESDRAS; o de NEEMIAS, de 2
ESDRAS.
A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 18 de abril de 1546, para combater o
movimento da Reforma Protestante, então recente. Nessa época, os protestantes combatiam
violentamente as novas doutrinas romanistas: do Purgatório, da oração pelos mortos, da
salvação mediante obras, etc. A Igreja Romana via nos apócrifos bases para essas doutrinas,
e, apelou para eles, aprovando-os como canônicos.
Houve prós e contras dentro da própria Igreja de Roma. Nesse tempo os jesuítas
exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os apócrifos motivaram ataques dos
dominicanos contra os franciscanos. O cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica",
declara que em pleno concilio, 40 bispos, dos 49 presentes, travaram luta corporal,
agarrados às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse ambiente "espiritual" que os
apócrifos foram aprovados! A primeira edição da Bíblia romana com os apócrifos deu-se em
1592, com autorização do Papa Clemente VIII.
Os reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos colocando-se
entre o Antigo e Novo Testamento; não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de
valor literário e histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa de King
James,de 1611, ainda os conservou. Após 1629, os evangélicos os omitiram de vez nas
Bíblias editadas, para evitar confusão entre o povo simples que nem sempre sabe discernir
entre um livro canônico e um apócrifo.
A aprovação dos apócrifos pela Igreja Romana foi uma intromissão dos católicos em
assuntos judaicos, porque, quanto ao cânon do Antigo Testamento, o direito é dos judeus e
não de outros. Além disso, o cânon do Antigo Testamento estava completo e fixado há
muitos séculos.
Entre os católicos corre a versão de que as Bíblias de edição protestante são falsas.
Quem, contudo, comparar a Bíblia editada pelos evangélicos com a editada pelos católicos
há de concordar em que as duas são iguais, exceto na linguagem e estilo, que são peculiares
a cada tradução. O que alegam contra a nossa Bíblia é que lhe faltam livros e partes de
outros, mas essa falta é de livros e de parte de livros apócrifos, como mencionamos.
OUTROS LIVROS APÓCRIFOS
Há ainda outros escritos espúrios relacionados tanto com o Antigo como com o Novo
Testamento. São chamados pseudo-epigráficos. Os do Antigo Testamento pertencem à
última parte do período interbíblico. Todos os livros dessa classe apresentam-se como tendo
sido escritos por santos de ambos os Testamentos, daí seu título: pseudo-epigráficos. São na
maioria, de natureza Apocalíptica. Nunca foram reconhecidos por nenhuma igreja.
Os principais do Antigo Testamento chegam a 26.
Os referentes ao período do Novo Testamento também nunca foram reconhecidos por
ninguém como tendo canonicidade. São cheios de histórias ridículas e até indignas de Cristo
e seus apóstolos. Essas histórias são muito exploradas pela gente simplória e crédula. Desse
período há de tudo: evangelhos, epístolas, apocalipse, etc.
Os principais somam 24.
Os que estudam a Bíblia devem estar acautelados do seguinte, concernente aos livros
canônicos e apócrifos em geral:
• Aos nossos 39 livros canônicos do Antigo Testamento, os católicos os chamam de
protocanônicos.
• Os 7 livros, que chamamos de apócrifos, os católicos os chamam de
deuterocanônicos.
• Os livros que chamamos de pseudo-epigráficos, eles os chamam de apócrifos.
QUESTIONÁRIO
1. Defina a palavra cânon nos sentidos literal e religioso.
2. Em que parte de Gálatas aparece a palavra cânon, no original?
3. Por que se diz dos livros da Bíblia que são canônicos?
4. Dê as três divisões do cânon hebraico, bem como a referência que as menciona no
Novo Testamento.
5. Desde quando ficou completo o cânon do Antigo Testamento?
6. Descreva por que, no cânon hebraico, os nossos 39 livros resumem-se em 24.
7. De onde vem a nossa divisão do Antigo Testamento em 39 livros?
8. Por que Mateus 23.35 mostra que Gênesis era o primeiro livro do Antigo
Testamento, e Crônicas o último?
9. Dê o espaço de tempo em que se formou o cânon do Antigo Testamento.
10. Mencione as datas aproximadas de início e do término da formação do cânon do
Antigo Testamento.
11. Explique a diferença entre Alta Crítica e Baixa Crítica.
12. Dê o nome do homem de Deus que reuniu, selecionou e preservou os rolos
sagrados, determinando, destarte, o cânon do Antigo Testamento.
13. Dê os dois nomes pelos quais era conhecido o Antigo Testamento nos dias de
Jesus.
14. Quando e onde os rabinos reconheceram e fixaram o cânon do Antigo
Testamento, ratificando, assim, aquilo que já vinha sendo aceito durante séculos?
15. Dê as datas gerais de escrita dos 4 Evangelhos, dos Atos, das Epístolas e do
Apocalipse.
16. Cite o concilio e o ano em que foi reconhecido e fixado o cânon do Novo
Testamento.
17. Por que era necessário ter o Novo Testamento em forma escrita?
18. Que fizeram os escritores cristãos primitivos no tocante à existência dos livros
do Novo Testamento, ao escreverem suas obras?
19. Em que espaço de tempo foi formado o cânon do Novo Testamento?
20. Quanto tempo levou para serem escritos os 66 livros canônicos, isto é, o cânon
geral?
21. Quanto tempo medeia entre Gênesis e Apocalipse (referentemente a serem
escritos os livros)?
22. Quantos livros contêm as Bíblias de edição católico-romanas?
23. Dê os sentidos literal e religioso do termo "apócrifo".
24. Cite os 7 livros apócrifos e os 4 acréscimos a livros canônicos.
25. Cite o ano, bem como o concilio, em que os católico-romanos aprovaram os
apócrifos.
26. Como são designados entre os católicos os livros canônicos, os apócrifos e os
pseudo-epigráficos?
Nota: Dê respostas o mais completas possível. Escreva as respostas para melhor fixar
o aprendizado.
5 A preservação e a tradução da Bíblia
Este capítulo abrange os seguintes pontos: línguas originais da Bíblia; os manuscritos
mais importantes; as primeiras e principais versões e traduções; certas particularidades do
texto bíblico. Em todos esses fatos podemos ver a mão poderosa de Deus agindo para que
este Livro chegasse às nossas mãos, para nossa felicidade eterna.
I. AS LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA
O hebraico e o aramaico para o Antigo Testamento, e o grego para o Novo
Testamento, são as línguas originais da Bíblia.
a. O hebraico. Todo o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, o idioma oficial da
nação israelita, exceto algumas passagens de Esdras, Jeremias e Daniel, que foram escritas
em aramaico. A mais extensa é em Daniel, que vai de 2.4 a 7.28.
O hebraico faz parte das línguas semíticas, que eram faladas na Ásia (mediterrânea),
exceto em bem poucas regiões. As línguas semíticas formavam um ramo dividido em
grupos, sendo o hebraico integrante do grupo cananeu. Este compreendia o litoral oriental
do Mediterrâneo, incluindo a Síria, a Palestina e o território que constitui hoje
a Jordânia. Integrava também o grupo cananeu de línguas, o ugarítico, o fenício e o
moabítico. O fenício tem muita semelhança com o hebraico. 0 primitivo alfabeto hebraico é
oriundo do fenício, segundo a opinião dos versados na matéria. Tudo leva a crer que Abraão
encontrou este idioma em Canaã, ao chegar ali, em vez de trazê-lo da Caldéia. Em Gênesis
31.47, vê-se que Labão, o sobrinho de Abraão, vivendo em sua terra, a Caldéia, falava
aramaico; ao passo que Jacó, recém-chegado de Canaã, falava o hebraico.
A língua hebraica é chamada no AT "Língua de Canaã" (Is 19.18) e "língua judaica"
ou "judaico" (2 Rs 18.26,28; Is 36.13). Como a maior parte das línguas do ramo semítico, o
hebraico lê-se da direita para a esquerda. O alfabeto compõe-se de 22 letras, todas
consoantes. Há sinais vocálicos, sim, mas não podemos chamá-los de letras.
Sabe-se agora que a forma primitiva dos caracteres hebraicos estava em uso na
Palestina 1.800 anos antes de Cristo. Exemplos mais recentes das letras hebraicas há no
Calendário de Gézer (950-920 a.C), na Pedra Moabita (850 a.C); na inscrição de Siloé (702
a.C); nas moedas do tempo dos irmãos Macabeus (175-100 a.C), e nalguns fragmentos dos
escritos achados junto ao mar Morto, a partir de 1947. Esta forma primitiva do hebraico
passou por modificações com o correr do tempo. Após o exílio, teve início a chamada
"escrita quadrada", que, por fim, foi pelos massoretas convertida na atual forma do alfabeto
hebraico - uma forma quadrada modificada.
A escrita hebraica dos tempos antigos só empregava consoantes sem qualquer sinal
de vocalização. Os sons vocálicos eram supridos pelo leitor durante a leitura, o que dava
origem a constantes enganos, uma vez que havia palavras com as mesmas consoantes, mas
com acepções diferentes. Quer dizer, a pronúncia exata dependia da habilidade do leitor,
levando em conta o contexto e a tradição. É por causa disso que se perdeu a pronúncia de
muitas palavras bíblicas.
Após o século VI, os eruditos judeus residentes em Tiberíades, passaram a colocar na
escrita sinais vocálicos, perpetuando, assim, a pronúncia tradicional. Esses sinais são pontos
colocados em cima, em baixo e dentro das consoantes. Os autores desse sistema de
vocalização chamavam-se massoretas - palavra derivada de "massorah", que quer dizer
tradição, isto porque os massoretas, por meio desse sistema, fixaram a pronúncia tradicional
do hebraico. Qualquer texto bíblico posterior ao século VI é chamado "massorético", porque
contém sinais vocálicos. Os mais famosos eruditos massoretas foram os judeus Moses ben
Asher; e seus filhos Arão e Naftali, que viveram e trabalharam em Tiberíades, na Galiléia.
Além do texto massorético, há outro texto hebraico das Escrituras, o do Pentateuco
Samaritano, que emprega, os antigos caracteres hebraicos. É do tempo pré-cristão. São,
portanto, dois tipos de textos que temos em hebraico: o Massorético e o Pentateuco
Samaritano.
b. O Aramaico é um idioma semítico falado desde 2.000 a.C, em Arã ou Síria, que é
a mesma região. {Arã é hebreu; Síria é grego.) Nas Escrituras, o território da Síria não é o
mesmo de hoje, o que acontece também com outras terras bíblicas. O primitivo território
estendia-se das montanhas do Líbano até além do Eufrates, incluindo Babilônia,
Mesopotâmia Superior (conhecida na Bíblia por Arã-Naaraim; e Padã-Arã - Gn 25.20), e
outros distritos. Era ainda falado numa grande área da Arábia Pétrea.
Os trechos escritos em aramaico são:
o Esdras 4.8 a 6.18; 7.12-26.
o Daniel 2.4 a 7.28.
o Jeremias 10.11.
A influência do aramaico foi profunda sobre o hebraico, começando no cativeiro do
reino de Israel, em 722 a.C. na Assíria, e continuando através do cativeiro do reino de Judá,
em 587, em Babilônia. Em 536, quando Israel começou a regressar do exílio, falava o
aramaico como língua vernácula. É por essa razão que, no tempo de Esdras, as Escrituras,
ao serem lidas em hebraico, em público, era preciso interpretá-las, para compreenderem o
seu significado (Ne 8.5,8).
No tempo de Cristo, o aramaico tornara-se a língua popular dos judeus e nações
vizinhas; estas foram influenciadas pelo aramaico devido às transações comerciais dos arameus
na Ásia Menor e litoral do Mediterrâneo. Em 1.000 a.C, o aramaico já era língua
internacional do comércio nas regiões situadas ao longo das rotas comerciais do Oriente. O
aramaico é também chamado "siríaco", no Norte (2 Rs 18.26; Ed 4.7; Dn 2.4 ARC), e
também "caldaico", no Sul (Dn 1.4). Tinha o mesmo alfabeto que o hebraico, diferia nos
sons e na estrutura de certas partes gramaticais. Do mesmo modo que o hebraico, não tinha
vogais; a partir de 800 d.C, é que os sinais vocálicos lhe foram introduzidos. É muito
parecido com o hebraico.
O aramaico foi a língua do Senhor Jesus, seus discípulos e da igreja primitiva, em
Jerusalém. Em Mateus 5.18, quando Jesus diz que a menor letra é o jota (aramaico iode),
Ele tinha em mente o alfabeto aramaico, pois somente neste é que se verifica isto. (A letra
iode originou o nosso i). Nos dias de Jesus, o aramaico já se modificara um pouco na
Palestina, resultando no "aramaico palestinense", como o chamam os eruditos. Também em
Marcos 14.36, o uso da palavra aramaica "abba", por Jesus, é outra evidência de que Ele
falava aquela língua. Que Ele também falava o hebraico é evidente em Lucas 4.16-20, uma
vez que os rolos sagrados eram escritos em hebraico..
O hebraico foi de fato absorvido pelo aramaico, mas continuou sendo a língua oficial
do culto divino no templo e nas sinagogas, dos rolos sagrados, e dos rabinos e eruditos.
Havia escolas de rabinos, inicialmente em Jerusalém, e, depois da queda da cidade, em
Tiberíades. Havia escolas semelhantes noutros centros judaicos. As conquistas árabes e a
propagação do islamismo em largas áreas da Ásia, África e Europa, reduziu e por fim
destruiu a influência do aramaico. Por sua vez, o hebraico, sendo língua morta, começou a
ressurgir. Para que se cumprissem as profecias referentes a Israel, era necessário que a
língua revivesse e assumisse a posição que hoje desfruta na família das nações modernas.
O aramaico ainda sobrevive numa remota e pequena vila da Síria, chamada Malloula,
com a população de 4.000 habitantes.
Devido aos hebreus terem adotado o aramaico como uma língua, este passou a
chamar-se hebraico, conforme se vê em Lucas 23.38; João 5.2; 19.13,17,20; Atos 21.40;
26.14; 72
Apocalipse 9.11. Portanto, quando o NT menciona o hebraico, trata-se, na realidade,
do aramaico. Marcos, escrevendo para os romanos, põe em aramaico 5.41 e 15.34 do seu
livro; já Mateus, que escreveu para os judeus, escreve a mesma passagem em hebraico (Mt
27.46).
O AT contém, além do hebraico e aramaico, algumas palavras persas, como "tirsata"
(Ed 2.63 FIG) e "sátrapa" (Dn 3.2).
c. O Grego. Esta é a língua em que foi originalmente escrito o Novo Testamento. A
única dúvida paira sobre o livro de Mateus, que muitos eruditos afirmam ter sido escrito em
aramaico. O grego faz parte do grupo das línguas arianas. Vem da fusão dos dialetos dórico
e ático. Os dóricos e os áticos foram duas das principais tribos que povoaram a Grécia. É
língua de expressão muito precisa, e, das línguas bíblicas, é a que mais se conhece, devido a
ser mais próxima da nossa.
O grego do Novo Testamento não é o grego clássico dos filósofos, mas o dialeto
popular do homem da rua, dos comerciantes, dos estudantes, que todos podiam entender: era
o "Koiné". Este dialeto formou-se a partir das conquistas de Alexandre, em 336 a.C. Nesse
ano, Alexandre subiu ao trono e, no curto espaço de 13 anos, alterou o curso da história do
mundo. A Grécia tornou-se um império mundial, e toda a terra conhecida recebeu influência
da língua grega. Deus preparou, deste modo, um veículo lingüístico para disseminar as
novas do Evangelho até os confins do mundo, no tempo oportuno.
Até no Egito o grego se impôs, pois aí foi a Bíblia traduzida do hebraico para o grego
- a chamada Septuaginta, cerca de 285 a.C. Nos dias de Jesus, os judeus entendiam quase
tão bem o grego como o aramaico, haja vista que a Septuaginta em grego era popular entre
os judeus. Nos primórdios do cristianismo, o Evangelho pregado ou escrito em grego podia
ser compreendido pelo mundo todo. Só Deus podia fazer isso! Ele não enviaria o seu Filho
ao mundo enquanto este não estivesse preparado, e esse preparo incluía uma língua
conhecida por todos. (Ver Marcos 1.15 e Gálatas 4.4.)
A língua grega tem 24 letras; a primeira é alfa e a última ômega. Quando, em
Apocalipse 1.8, Jesus diz que é o Alfa e o ômega, está afirmando que é o primeiro e o último.
Os gregos receberam seu alfabeto através dos fenícios, conforme mostram estudos a
respeito.
Ninguém vá supor que por não conhecer essas línguas originais das Escrituras, não
compreenderá a revelação divina. Sim, o conhecimento e a compreensão dos originais
auxiliará muito, mas não é o essencial. Na Bíblia, como já dissemos, vêem-se duas coisas
principais: o texto e a mensagem. O principal é a mensagem contida no texto. É especialmente
a mensagem que o Espírito Santo vitaliza, revela e maneja como sua espada (Ef
6.17).
II. OS MANUSCRITOS DA BÍBLIA
A história da Bíblia e como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos.
Manuscritos são rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi
preservado e transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bíblia, a
palavra manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou MSs. Há, em
nossos dias, cerca de 4.000 MSS da Bíblia, preparados entre os séculos II e XV.
a. Material gráfico dos MSS bíblicos.
Há dois materiais principais: papiro e pergaminho. (Consulte o Cap. II da presente
matéria.) O linho era usado também, mas não tanto como os dois citados. O centro da
indústria de papiro era o Egito, onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000 a.C. O papiro
é um tipo de junco de grandes proporções. Tem caule tríquetro de 3 a 5 metros de altura,
com 5 a 7 centímetros de diâmetro, tendo sua fronde em forma de guarda-chuva. As
dimensões da folha de papiro preparada para a escrita eram normalmente 30 cm a 3 m de
comprimento por 30 cm de largura. Essas folhas eram formadas por tiras cortadas da planta,
sobrepostas cruzadas, coladas, prensadas e depois polidas. Eram escritas de um lado,
apenas. Tinham cor amarelada. À folha do papiro assim preparada, os gregos chamavam
biblos.
Pergaminho é a pele de animais curtida e preparada para a escrita; seu uso
generalizado vem dos primórdios do cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos,
pois já é mencionado em Isaías 34.4. O pergaminho preparado de modo especial chamavase
velo. Este tornou-se comum a partir do século IV. É mais durável. Foi muito usado nos
códices. Tudo indica que o vocábulo pergaminho derivou seu nome da cidade de Pérgamo,
capital de um riquíssimo reino que ocupou grande parte da Ásia Menor, sendo Eumenes II
(197-159 d.C), seu maior rei. Esse rei projetou formar para si uma biblioteca maior que a de
Alexandria, Egito. O rei do Egito, por inveja, proibiu a exportação do papiro, obrigando
Eumenes a recorrer a outro material gráfico. Tal fato motivou o surgimento de um novo
método de preparar peles, muito aperfeiçoado, que resultou no pergaminho. Vindo o
domínio romano, Pérgamo veio a ser a primeira capital da província da Ásia, situada ao
oeste da Ásia Menor; sua segunda capital foi Éfeso. O Novo Testamento menciona esse
material gráfico em 2 Timóteo 4.13 e Apocalipse 6.14.
Outros materiais foram usados para a escrita nos tempos antigos, mas de menor
importância, como:
Linho. Tem sido encontrado nas descobertas arqueológicas.
Ostraco, fragmento de cerâmica. É mencionado em Jó 38.14; Ezequiel 4.1. Foi
muito usado em Babilônia.
Madeira.
• Pedra (Êx 24.12; Js 8.30-32).
Tábuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63).
Um exemplo do emprego desses materiais é o livro escrito em pedra, conhecido
como Código Hamurabi. Trata-se de um rei de Babilônia coevo de Abraão. É identificado
pelos cientistas como o Anrafel de Gênesis 14.1. É um código de leis descoberto em Susa,
em 1902, lindamente trabalhado em pedra, com 2 m de altura. Esse livro é testemunha de
que aquele tempo o homem atingira uma capacidade literária notável. O código trata do
culto nos templos (pagãos, é claro), administração da justiça e leis em geral. Vimos esse
código no Museu do Louvre, Paris.
A tinta usada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com uma substância
líquida semelhante a goma arábica. (Ver Jeremias 36.18; Ezequiel 9.2; 2 Coríntios 3.3; 2
João 12; 3 João 13.) 0 carvão é um elemento que se conserva admiravelmente através dos
séculos, não sendo afetado por substâncias químicas. Para a escrita em papiro ou
pergaminho, usavam penas de aves, pincéis finos e um tipo de caneta feita de madeira
porosa e absorvente. Para a cera usavam um estilete de metal (Is 30.8).
Cuidado redobrado havia com a escrita dos livros sagrados. Devemos ser sumamente
agradecidos aos judeus por seu cuidado extremo na preparação e preservação dos
manuscritos do Antigo Testamento. Aqui estão algumas regras que eles exigiam de cada
escriba. O pergaminho tinha de ser preparado de peles de animais limpos, preparado
somente por judeus, sendo as folhas unidas por fios feitos de peles de animais limpos. A
tinta era especialmente preparada. O escriba não podia escrever uma só palavra de memória.
Tinha de pronunciar bem alto cada palavra antes de escrevê-la. Tinha de limpar a pena com
muita reverência antes de escrever o nome de Deus. As letras e palavras eram contadas. Um
erro numa folha, inutilizava-a. Três erros numa folha, inutilizavam todo o rolo.
b. O formato dos MSS
Quanto ao formato, os MSS podem ser códices ou rolos.
Códice é um MS em formato de livro, feito de pergaminho. As folhas têm
normalmente 65 cm de altura por 55 de largura. Este tipo de MS começou a ser usado no
Século II. O rolo podia ser de papiro ou pergaminho. Era preso a dois cabos de madeira,
para facilitar o manuseio durante a leitura. Era enrolado da direita para a esquerda. Sua
extensão dependia da escrita a ser feita. Portanto, antigamente não era fácil conduzir
pessoalmente os 66 livros como fazemos hoje
c. A caligrafia dos MSS.
Há dois tipos de caligrafia ou forma gráfica nos MSS bíblicos, o que os divide em
unciais e cursivos. Uncial é o MS de letras maiúsculas e sem separação entre as palavras.
Cursivo é o de letras minúsculas, tendo espaço entre as palavras. Tal diferença na forma
gráfica deu-se no século X. Palimpsesto é um MS reescrito, isto é, a escrita primitiva era
raspada e novo texto escrito por cima. Isso ocorria devido ao alto preço do pergaminho.
Inutilizava-se assim uma escrita para se usar o mesmo material. Os manuscritos originais
também não tinham sinais de pontuação. Estes foram introduzidos na arte de escrever em
época recente. É claro, pois, que a pontuação moderna não é inspirada, e por isso não dá, às
vezes, sentido às palavras do original.
d. MSS originais da Bíblia.
MSS originais saídos das mãos dos escritores não há
nenhum conhecido. É provável que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que
ao seu divino Autor. Lembremos a adoração da serpente de metal pelos israelitas (2 Rs 18.4)
e da cruz de Cristo e da virgem Maria, pelos católico-romanos; e o caso de João querer
adorar o mensageiro celestial (Ap 22.8,9).
A falta de MSS originais provém do seguinte:
1) O costume dos judeus de enterrar todos os MSS estragados pelo uso ou qualquer
outra coisa; isto para evitar mutilação ou interpolação espúria.
2) Os reis idolatras e ímpios de Israel podem ter destruído muitos, ou contribuído
para isso. (Veja o episódio de Jeremias 36.20-26.)
3) O monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria (175-164 a.C), dominou sobre a
Palestina durante seu reinado. Foi extremamente cruel, sádico; tinha prazer em aplicar torturas.
Decidiu exterminar a religião judaica. Assolou Jerusalém em 168, profanou o templo e
destruiu todas as cópias que achou das Sagradas Escrituras.
4) Nos dias do feroz imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores dos
cristãos destruíram quantas cópias acharam das Escrituras. Durante dez anos, Diocleciano
mandou vasculhar o Império para destruir todos os escritos sagrados. Ele chegou a julgar
que tivesse destruído tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal "vitória".
A literatura judaica diz que a missão da Grande Sinagoga, presidida por Esdras, foi
reunir e preservar os MSS originais do AT, e que os MSS de que se serviram os setenta,
foram esses preservados pela Grande Sinagoga, que encerrou o cânon do AT.
e. MSS existentes mais antigos e mais importantes
1) MSS do AT em hebraico.
Até a descoberta dos MSS do mar Morto, em 1947, os mais antigos MSS do AT
hebraico eram:
Códice dos primeiros e últimos profetas. Está na Sinagoga Caraíta, do Cairo. Foi
escrito em Tiberíades, em 895 d.C, por Moses Ben Asher, erudito judeu de renome.
(Caraítas são os judeus que rejeitam a doutrina ortodoxa dos rabinos e reclamam liberdade
na interpretação da Bíblia.) Contém os primeiros profetas, segundo a organização do cânon
hebraico do AT: Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Contém também os últimos
profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os Doze.
Códice do Pentateuco. Escrito cerca de 900 d.C, está no Museu Britânico, sob
número 4445. Foi escrito por um filho de Moses Ben Asher: Arão.
• Códice Petrogradiano. Escrito em 916 d.C. Contém apenas os últimos Profetas.
Veio da Criméia. Está na biblioteca de Leningrado (a antiga Petrogrado), donde o nome.
Códice Aleppo. Contém todo o texto do Antigo Testamento. Copiado por Shelomo
Ben Bayaa. Seus sinais vocálicos foram colocados por Moses Ben Asher, cerca de 930 d.C.
Foi contrabandeado em anos recentes da Síria para Israel. Será utilizado como base da nova
Bíblia Hebraica, em preparo pela Universidade Hebraica, de Jerusalém.
Códice 19 A. Está na biblioteca de Leningrado (Rússia). Data: 1008 d.C. O original
foi escrito por Moses Ben Asher, cerca de 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008, no Cairo, por
Samuel Ben Jacob. Quando a Rússia o adquiriu, o comunismo ainda não dominava ali. Este
é o mais antigo MS completo do AT em hebraico. (Isto é, mais antigo datado.)
O rolo de Isaías, mar Morto, 1947. Nos rolos descobertos, nas proximidades do
mar Morto, em 1947, foi encontrado um MS de Isaías, em hebraico, do ano 100 a.C, isto é,
1.000 anos mais velho que o mais antigo MS até então existente. Uma vez que o texto de tal
rolo concorda com o das nossas Bíblias atuais, temos nisso uma prova singular da
autenticidade das Escrituras, considerando-se que esse rolo de Isaías tem agora mais de
2.000 anos de existência!
2) MSS do Antigo e Novo Testamento em grego.
É digno de nota que os MSS mais antigos da Bíblia estão em grego. Esses
manuscritos não são originais, são cópias. Os originais saídos das mãos dos escritores,
perderam-se. Pela ordem cronológica, vamos citar os mais antigos MSS existentes da Bíblia
em grego:
Códice Vaticano ou "B". Pertence à biblioteca do Vaticano. Data: 325 d.C. O AT é
cópia da Septuaginta. Contém os apócrifos em separado. Essa biblioteca foi fundada em
1488, e no seu primeiro catálogo, publicado em 1475, aparece esse MS. Ê uncial.
• O Códice Sinaítico ou "Álefe". Pertence ao Museu Britânico. Data: 340 d.C. Foi
descoberto pelo erudito cristão Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa Catarina, no
sopé do Monte Sinai. A história de sua aquisição é muito impressionante. Foi o Czar da
Rússia que o adquiriu, em 1899. O Governo inglês comprou-o dos russos, em 1933, por
100.000 libras esterlinas, equivalentes então a 510.000 dólares. Um dos livros mais caros do
mundo. É uncial.
Códice Alexandrino ou "A". Pertence ao Museu Britânico. Data: 425 d.C. Tem este
nome porque foi escrito em Alexandria e também pertenceu à sua biblioteca. Em 1621, foi
levado a Constantinopla por Cirilo Lúcar, patriarca de Alexandria. Em 1624, Cirilo
presenteou-o ao rei Tiago I da Inglaterra, o mesmo rei que autorizou a famosa versão
inglesa de 1611. Em 1757, o rei Jorge II doou a biblioteca da família real à nação, e assim o
famoso MS chegou ao Museu Britânico. É um MS uncial.
O Códice Efráemi ou "C". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: 345 d.C. É
um palimpsesto. Ao ser restaurada a primeira escrita, constatou-se serem ambos os
Testamentos incompletos. O doutor Tischendorf publicou-o em 1845. É bilíngüe: grego e
latim.
Códice Bezae ou "D". Pertence à biblioteca da Universidade de Cambridge,
Inglaterra. Data: Século VI. Contém os Evangelhos, Atos e parte das Epístolas.
O Códice Claromontanus ou "D2". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data:
Século VI. Contém as epístolas paulinas. Estes três últimos são também unciais.
f. As Bíblias impressas mais antigas.
1) 0 Antigo Testamento Impresso em Hebraico.
• O primeiro texto impresso em hebraico do AT foi publicado em 1488, em Soncino,
Itália. Contém os sinais vocálicos.
• O segundo texto mais antigo impresso em hebraico do AT é o constante da Bíblia
chamada "Complutensiana Poliglota", preparada pelo cardeal Ximenes, de Cisneros, na
Universidade de Alcalá, próximo a Madri, Espanha. Foi impressa em 1514 - 1517, mas
somente distribuída em 1522. A Poliglota traz além do AT em hebraico, o NT em grego, a
Septuaginta em latim, e a Vulgata, em latim (AT e NT). Abrange seis volumes.
• A primeira Bíblia Rabínica. Foi preparada por Felix Pratensis e publicada por
Daniel Bomberg, em Veneza, em 1516-1517.
• O texto preparado por Jacob Ben Chayin e impresso por Daniel Bomberg em
Veneza, em 1524-1525, tornou-se um texto padrão para estudo. Foi a segunda Bíblia
Rabínica impressa.
• O texto de Amsterdam, publicado entre 1661-1667. É uma combinação dos textos
de Chayin e o de Ximenes.
• 0 texto de Van der Hooght, publicado em 1705. É uma revisão do texto de
Amsterdam.
• O texto de Kennicott, editado em 1776-1780. Este texto segue o de Van der Hooght
de 1705.
• O texto de Letteris, publicado em 1852. É uma revisão do texto de Van der Hooght.
Este é o texto padrão adotado em nossos dias pelas Sociedades Bíblicas em todo o mundo.
• O texto de Rudolph Kittel, de 1906, originado do texto de Chayin. A terceira edição
de Kittel, em 1937, abandonou o texto de Chayim, publicando o do MSS 19A.
2) O Novo Testamento impresso em grego
• O primeiro texto impresso em grego do NT é o da "Complutensiana Poliglota", de
que já falamos quando nos ocupamos do texto impresso em hebraico.
• O texto de Erasmo (teólogo holandês), publicado e distribuído em 1516. Este foi o
primeiro texto impresso distribuído, do Novo Testamento. A poliglota do Cardeal Ximenes
só veio a público em 1522, mas fora impressa em 1514-1517.
• O texto de Robert Stephanus, publicado em 1546, em Paris. É baseado no de
Erasmo e na Poliglota.
• O texto de Theodoro Beza, publicado em 1565 e 1664. Base: Stephanus.
• 0 texto dos irmãos Elzevirs, holandeses, de 1624-1678. Base: Stephanus e Beza. É
conhecido como o "Textus Receptus" devido a uma expressão que contém no prefácio.
• 0 texto de Westcott e Hort, dois eminentes eruditos ingleses. Data: 1881-1882.
Suplantou o "Textus Receptus".
• Há, por fim, os mais recentes textos impressos do NT em grego, que são os de
Herman Von Soden, Scrivener, e Eberhard Nestle. Este último é muito utilizado no preparo
de versões modernas.
g. Os MSS do mar Morto.
Num dia de verão, em 1947, o pastor beduíno árabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos
Taa'mireh, que se acampa entre Belém e o mar Morto, saiu a procura de uma cabra
desgarrada nas ravinas rochosas da costa noroeste do referido mar, e encontrou um
inestimável tesouro bíblico. Estava o pastor junto à encosta rochosa do uádi Qüm-ram. Ao
atirar uma pedra numa das cavernas ouviu um barulho de cacos se quebrando. Entrou na
caverna e encontrou uma preciosa coleção de MSS bíblicos: 12 rolos de pergaminho e
fragmentos de outros. Um dos rolos era um MS de Isaías do ano 100 a.C, isto é, mil anos
mais antigo que os exemplares até então conhecidos. Os rolos estão escritos em papiro e
pergaminho e envolvidos em panos de linho. Outras cavernas foram vasculhadas e novos
MSS foram encontrados.
Novas luzes estão surgindo na interpretação de passagens difíceis do AT. Exemplos:
em Êxodo 1.5, o total de pessoas é 75, concordando assim com Atos 7.14. (O hebraico não
tem algarismos para os números e sim letras; daí, para um erro não custa muito...) Em Isaías
49.12, o novo MS de Isaías diz "Siene" e não "Sinin". Ora, Siene era uma importante cidade
fronteiriça do Egito, às margens do Nilo, junto à Etiópia. É hoje a moderna Assuam, com
sua extraordinária represa. Ezequiel 29.10 e 30.6 referem-se a essa cidade; a versão ARC
grafa "Sevené". Muitos eruditos pensavam até agora que o termo "Sinin" de Isaías 49.12
fosse uma alusão à China. É muito confortante saber que os textos desses MSS encontrados
concordam com os das nossas Bíblias.
Pesquisas revelam que os MSS do mar Morto foram escondidos pelos essênios - seita
ascética judaica - durante a segunda revolução dos judeus contra os romanos em 132-135
d.C. Os responsáveis por um grande mosteiro agora descoberto, ao verem aproximar-se as
tropas romanas, esconderam ali sua biblioteca! Nas 267 cavernas examinadas, foram
encontrados fragmentos de 332 obras, ao todo. Encontraram, inclusive, cartas do líder dessa
revolta: Bar Kochba, em perfeito estado, estando sua assinatura bem nítida. Nos MSS
encontrados há trechos de todos os livros do AT, exceto Ester.
h. Cálculo da data de um MS Calcula-se a data de um MS:
1) Pela forma das letras. Cada forma representa uma época, tanto no grego como no
hebraico.
2) Pelo modo como estão escritas as palavras no texto. Se ligadas ou separadas. Isto
também indica época.
3) Pelas letras iniciais de títulos, parágrafos, etc. Se adornadas ou singelas. Isto
também indica o tempo.
4) Pelo carbono-14. Este é um método científico e revolucionário. Trata-se do
seguinte: Todo ser vivo absorve C-14. Cada 5.600 anos o C-14 perde metade de sua
radioatividade primitiva. Assim ... se for medida a radioatividade de substância orgânica
morta, ver-se-á quando ela deixou de absorver C-14, ao morrer. Basta queimar uma pequena
parte da substância a ser testada e medir a radioatividade do C-14. Este método tem uma
precisão assombrosa, porque a natureza tem leis fixas, estabelecidas pelo Criador. Um
exemplo: o Unho que envolvia os MSS da Caverna 1 de Qümram, ao ser testado, provou ser
do ano 33 d.C. Isto é, a planta deixara de existir naquele ano.
5) Pelo Raio-X. Este tipo de raio também ajuda a determinar a idade de objetos
antigos, por meio da fotografia e certas reações.
III. A TRADUÇÃO DA BÍBLIA.
Era preciso a tradução da Bíblia para dar cumprimento às palavras do Senhor Jesus
após ressuscitar: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15).
Ora, o mundo está dividido em nações, tribos e povos, cada qual com suas línguas. Hoje,
quando vemos as Escrituras traduzidas em mais de 1.700 línguas, sabemos que Aquele que
comissionou os discípulos para tão grande obra, proveria também os meios para a sua
realização.
a. Versões semíticas.
1) O Pentateuco Samaritano.
Não é propriamente uma versão. É o texto hebraico do Pentateuco, escrito nos velhos
caracteres hebraicos ou em samaritano. O samaritano é um dialeto oriundo do hebraico
antigo, surgido com a mistura do povo assírio trazido para Samaria por Sargão II, por
ocasião do cativeiro das 10 tribos. É uma mistura do hebraico antigo com o assírio. Dele
existem muitas cópias. É a Bíblia da seita dos samaritanos, que teve início com a expulsão
de Manasses de Jerusalém (Ne 13.23-30), e a conseqüente construção de um templo rival no
monte Gerizim. Isso marcou o início da contínua separação, pela qual "os judeus não se
comunicam com os samaritanos" (Jo 4.9). Em 1616, Pietro Delia Valle trouxe para a Europa
o primeiro exemplar do Pentateuco Samaritano, comprando-o em Damasco, da mão de um
samaritano. Os MSS existentes estão escritos em samaritano. Em Nablus (a antiga Siquém)
os samaritanos exibem antigos MSS do Pentateuco Samaritano na sinagoga que lá se
encontra. Há um desses manuscritos que eles afirmam ter sido escrito por um bisneto de
Moisés, no 13? ano após a conquista de Canaã, por Josué, o que sabemos ser mera
conjectura, sem fundamento.
2) Os Targuns.
São paráfrases ou explicações, em aramaico do AT. A palavra significa
"interpretações". Quando os judeus regressaram do exílio, tinham perdido o uso do
hebraico. Era preciso que tivessem as Escrituras em hebraico, mas também era preciso que
alguém lhes transmitisse o real significado do texto. Nesse tempo, a leitura em público, das
Escrituras, era seguida de explicação pelo leitor, para que o povo pudesse entender (Ne 8.8.)
Os Targuns eram a princípio resumidos e simples, mas pouco a pouco tornaram-se
aperfeiçoados e, finalmente foram reduzidos a escrita. Os principais Targuns são:
• O da Lei, feito por Ónquelos, amigo de Gamaliel, do Século II d.C.
Os dos Profetas e Livros Históricos, feitos por Jonathan Ben Uziel, que diz ter sido
discípulo de Hilel, de época posterior. (Não confundam os Targuns com o Talmude; este é o
conjunto de tradições judaicas e explicações orais do AT reduzidas a escrita no Século II
d.C.)
b. Versões gregas.
1) A Septuaginta.
É comumente designada por "LXX". O nome vem do latim "Septuaginta", que quer
dizer "70". Aristeas, escritor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 285-246 a.C,
escrevendo a seu irmão Filócrates, conta que o referido monarca, por proposta de seu
bibliotecário, Demétrio de Falero, solicitou ao sumo sacerdote judaico, Eleazar, que lhe
enviasse doutores versados nas Sagradas Escrituras para preparar-lhe uma versão delas, em
grego. Ele muito ouvia falar das Escrituras e queria uma versão delas, para enriquecer sua
vasta biblioteca, em Alexandria. O sumo sacerdote escolheu 72 eruditos (6 de cada tribo) e
enviou-os a Alexandria, os quais completaram a versão em 72 dias. Josefo registra o fato
com detalhes que o espaço não nos permite registrar. De 72 derivou-se o nome "Septuaginta."
A tradução foi feita na ilha de Faros, situada no porto da cidade. Essa Bíblia teve a
mais ampla difusão entre as nações, especialmente naquelas onde estavam os judeus da
dispersão oriunda do cativeiro. Os magos que visitaram o menino Jesus, sem dúvida,
conheciam esta Bíblia no Oriente. Foi a Septuaginta um dos meios que Deus usou na
preparação dos povos e nações para o advento do Evangelho que seria proclamado por Jesus
e seus discípulos, ao chegar a "plenitude dos tempos" (Gl 4.4). Ela, por onde quer que ia,
disseminava as profecias que apontavam para o Messias. A língua grega foi outro veículo
usado por Deus. Ela serviu para levar o Evangelho ao mundo de então.
Foi a Septuaginta a primeira tradução completa do AT, do original hebraico. Foi
também ela que situou e dividiu os livros por assuntos como os temos hoje: Lei, História,
Poesia, Profecia. Não há um só exemplar original da Versão dos Setenta; somente cópias, a
mais antiga das quais data de 325 d.C. (É o MS Vaticano, estudado noutra parte deste
capítulo.) A carta de Aristeas é tida por espúria por modernos estudiosos; sustentam estes
que a Versão Septuaginta foi preparada aos poucos; que o Pentateuco foi traduzido em 250
a.C, e em seguida, os demais livros; terminando a versão em 150 a.C. Seja como for, é ela a
mais antiga tradução da Bíblia hebraica. Os outros grandes MSS da LXX são os já
estudados códices: Vaticano, Sinaítico e Alexandrino. A Septuaginta é usada ainda hoje na
Igreja Grega. Sua primeira aparição impressa é a constante da Complutensiana Poliglota
publicada em Alcalá, província de Madri, em 1514-1517, e distribuída em 1522 pelo
Cardeal Ximenes.
2) A versão de Áqüila, natural de Sínope, cidade do Ponto. É uma tradução
puramente literal. Contém só o AT. Foi feita em 138 d.C, no reinado de Adriano. Existe em
fragmentos.
3) A versão de Teodocião, natural de Éfeso, coevo de Justino Mártir, que o
menciona em seus escritos. Foi feita em 160 d.C, no tempo do Imperador Cômodo. Não é
mais que uma revisão dos LXX. Contém só o AT. Teodocião era ebionita.
4) A versão de Símaco, feita em 218. Só do AT. Símaco era também ebionita. Existe
em fragmentos.
5) A Héxapla, de Orígenes. Não é propriamente uma versão; é obra compendiada.
Devido a falhas na tradução da Septuaginta, Orígenes, grande erudito da igreja primitiva,
compôs, em Cesaréia, a sua Héxapla, ou versão de 6 colunas, em 228 d.C. As seis colunas
estão dispostas da direita para a esquerda, assim:
1ª O texto hebraico
2ª O texto grego traduzido do hebraico
3ª A versão de Áqüila
4ª A versão de Símaco
5ª A Septuaginta
6ª A versão de Teodocião
Jerônimo consultou essa obra no Século IV. É também citada por Euzébio, que dela
copiou o texto dos LXX e também correções e edições de outros tradutores que Orígenes
incluíra. Admite-se que a famosa Héxapla perdeu-se no saque dos sarracenos contra
Cesaréia, em 653 d.C. Se ela tivesse chegado até nós, teríamos hoje três traduções gregas
para comparar com a dos Setenta. Dela só se conhece citações. O texto dos Setenta, da
Héxapla, foi publicado em 1714 por Montfaucon. Euzébio, bispo de Cesaréia (263-340) o
copiara.
c. Versões siríacas.
A partir de agora, entra nas versões o NT. Poucos anos após a fundação da Igreja
havia igrejas espalhadas em regiões remotas como Ásia Menor, Roma, Antioquia, etc, isso
devido ao zelo inflamado pelo Espírito Santo nos crentes de então. Eles percorriam as
estradas acima e abaixo contando a história de Jesus. A disseminação das Escrituras era por
meio de cópias manuscritas. Os apóstolos de Jesus ainda viviam quando as primeiras
versões siríacas foram feitas.
1) A Peshito. Significa simples. Foi feita diretamente do hebraico, pela Igreja Siríaca
de Edessa, no Nordeste da Mesopotâmia, no século II. Abrange pela primeira vez o NT,
com exceção de poucos livros. E ainda hoje a Bíblia do remanescente da Igreja Siríaca.
Começou a ser feita quando ainda viviam os apóstolos, isto é, no século I, e foi concluída
entre 150 a 200 d.C. Deu origem a outras versões, como seja, a árabe, a pérsica e a armênia.
Esta versão serviu às igrejas do Oriente.
2) A versão Filoxênia. Traduzida por Filoxeno, em 508, bispo de Hierápolis na Ásia
Menor. Compreende só o Novo Testamento.
d. Versões latinas.
O latim era a língua falada pelos romanos. Foi língua importantíssima, especialmente
considerando-se que o último império mundial foi o romano. O latim foi implantado à
medida que o império romano realizava suas conquistas. João, em seu Evangelho, diz-nos
que o título posto sobre a cruz de Jesus estava escrito também em latim (Jo 19.20). Foram as
seguintes as versões latinas:
1) A Antiga Versão Latina. É também chamada Versão Africana do Norte. Foi feita
na África do Norte, possivelmente em Cartago. Abrange ambos os Testamentos. Serviu às
igrejas do Ocidente. Seu AT foi traduzido não do texto hebraico e sim do texto grego da
Septuaginta. Foi concluída em 170 d.C. Era bem conhecida por Tertuliano, falecido em 220,
e de Agostinho. Teve várias revisões. Dela restam uns 40 MSS.
2) A ítala. Também conhecida por Vetus ítala (em latim). É mais propriamente uma
revisão da Antiga Versão Latina. Foi preparada na Itália, na segunda metade do Século II.
Abrange ambos os Testamentos.
3) A Revisão de Jerônimo. É uma revisão da Antiga Versão Latina, feita por
Jerônimo em 382-387 d.C. Jerônimo foi encarregado disso por Dâmaso, bispo de Roma.
Nesse trabalho Jerônimo utilizou a Héxapla de Orígenes. Foi nesse tempo que a Septuaginta
começou a cair em desuso.
4) A Vulgata. É uma nova versão da Bíblia por Jerônimo. O AT foi traduzido
diretamente do hebraico, e do NT revisto. Em assuntos bíblicos, foi Jerônimo o homem mais
sábio do seu tempo. Era também dotado de grande piedade e valor moral. Para realizar esta
obra, ele instalou-se num mosteiro, em Belém. Baseou-se na Héxapla de Orígenes. A versão
foi feita em 387-405 d.C. Tinha Jerônimo 60 anos quando iniciou a tarefa. Já antes, em
Belém, fizera a revisão da Antiga Versão Latina.
A Vulgata foi a Bíblia da Igreja do Ocidente na Idade Média. Foi também ela o
primeiro livro impresso após a invenção do prelo, saindo à luz em 1452, em Mogúncia,
Alemanha. Devido à popularidade e difusão que teve, foi, no tempo de Gregório o Grande
(604 d.C), denominada "Vulgata", do latim "vulgos" = povo, isto é, versão do povo,
popular, corrente. Por mil anos a Vulgata foi a Bíblia de quase toda a Europa. Foi ela
também a base de inúmeras traduções para outras línguas. Foi decretada como a Bíblia
oficial da Igreja Romana no Concilio de Trento, 4? Sessão, em 8 de abril de 1546; decreto
este somente cumprido em 1592 com a publicação de nova edição da Vulgata pelo Papa
Clemente VIII. Jerônimo nasceu em 342 e faleceu em Belém, em 420.
e. Outras versões orientais.
Entre estas podemos mencionar:
1) As versões egípcias ou cópticas. São 3 as de primeira ordem. Foram feitas até o
ano 500 d.C.
2) A Etíope, feita em 330, abrangendo ambos os Testamentos, com base na LXX.
3) A Gótica, feita em 350, de ambos os Testamentos também, com base na LXX.
4) A Armênia, feita no Século V. Base: os LXX.
5) A Georgina, feita no Século V. Preparada por meio de cópias da versão Armênia.
6) A Eslavônica, feita no Século IX. Base: os LXX. É ainda hoje usada pelos eslavos
orientais e meridionais. Ambos os Testamentos. Foi preparada por dois irmãos missionários
tessalonicenses à Bulgária e Morávia: Cirilo e Metódio.
Além destas versões orientais, há ainda as versões árabes, mas, de pouca importância
para a crítica textual.
f. Versões européias.
Após um intervalo de 300 anos, começaram no Século XII as traduções nas línguas
da Europa, tais como o francês (1487), o italiano (1432), o alemão (1534), o sueco (1541), o
dinamarquês (1550), o holandês (1560), o espanhol (1602), o finlandês (1642), o português
(1681), etc. Hoje em dia a Bíblia está traduzida não só em todas as principais línguas da
Europa, como também em todas as principais do mundo.
Em muitos dos países acima mencionados, houve tradução das Escrituras em datas
bem anteriores, mas em porções e com diminuta circulação. A base da maioria das
traduções que acabamos de mencionar foi a Vulgata.
Das versões européias, vamos destacar apenas três, devido à sua importância, que
são:
1) Versões inglesas.
Foi a Bíblia que formou a mentalidade do povo inglês e firmou a
seriedade nacional. O povo inglês tem alta veneração pela Bíblia. Ela é tida e considerada
como o sustentáculo daquele povo. Quando certo imperador chinês perguntou à rainha
Victória: - "Que fez a vossa nação tornar-se tão importante em todos os sentidos?" Tomando
uma Bíblia em suas mãos, respondeu a rainha: - "Este Livro, senhor".
A Inglaterra foi a primeira nação a ter a Bíblia em sua própria língua. Até então, as
Escrituras estavam encerradas em latim, desde muitos séculos; língua essa já desconhecida
do povo em geral. Pequenas porções da Bíblia foram traduzidas para o inglês a partir do
Século VIII. Beda, falecido em 735, traduziu os quatro Evangelhos. Outras porções foram
traduzidas até 1300 d.C.
Houve 13 principais versões em inglês, abrangendo a Inglaterra e os Estados Unidos,
feitas entre 1380 e 1978. A primeira, de 1380, foi feita por John Wycliffe. Este foi um
grande erudito e estudioso das Escrituras. Decidiu traduzir toda a Bíblia para a língua
inglesa. O NT foi concluído em 1380. Até que ponto Wycliffe traduziu o AT é incerto, pois
morreu em 1380, antes de completar a tarefa. Depois de morto, seu túmulo foi aberto por
ordem do Papa; seu esqueleto foi queimado e as cinzas lançadas ao rio Swift. Seus
auxiliares concluíram o trabalho após sua morte. É tradução da Vulgata. Tanto Wycliffe
como seus auxiliares enfrentaram tenaz oposição. O prelo ainda não existia, e um escriba
levava muitos meses para copiar uma Bíblia. Os exemplares eram caríssimos. Foi publicada
em 1388 por Purvey, já com revisões. Purvey era o assistente de Wycliffe.
Pela ordem, o segundo tradutor inglês foi Tyndale. Estudou em Cambridge e Oxford.
Conhecia a fundo o grego e demais línguas bíblicas. A Bíblia do Tyndale foi a primeira
versão inglesa feita dos idiomas originais. Foi também a primeira Bíblia impressa em inglês.
Tyndale enfrentou tal perseguição na Inglaterra, que foi obrigado a seguir para a Europa
continental para poder continuar seu trabalho. Publicou ele o NT em Worms, Alemanha, em
1525. Devido à perseguição, os exemplares tiveram de entrar na Inglaterra como
contrabando. Lá, quando descobertos, eram queimados. Tyndale foi morto antes de concluir
a tradução do AT. Foi estrangulado e depois queimado, em 6 de outubro de 1536, pelos
católico-romanos de Antuérpia. A influência do seu monumental trabalho continua até hoje,
porque a famosa Versão Autorizada, hoje em uso, é praticamente uma revisão da de
Tyndale.
As quatro principais versões recentes inglesas são:
a) A Versão Autorizada ou Versão do Rei Tiago. Seis meses após Tiago subir ao
trono da Inglaterra (1603) presidiu uma conferência religiosa em Hampton, já em 1604. A
conferência tinha por fim considerar as queixas dos puritanos contra os anglicanos. Dessa
conferência resultou a nomeação de 54 teólogos para prepararem uma nova versão da Bíblia
(mas só 41 tomaram parte na obra). Foi publicada em 1611. Continua até hoje sendo a
Bíblia favorita dos povos de fala inglesa. Há 3 séculos vem ela mantendo o primeiro lugar
entre as demais versões em inglês.
b) A Versão Revisada (English Reuised Version). Feita por um grupo de sábios
ingleses e norte-americanos. O Novo Testamento foi publicado em 1881 e o AT em 1885.
Tem grande vantagem sobre as Bíblias anteriores. É uma revisão da Versão Autorizada. No
seu preparo foram utilizados MSS a que os teólogos da Versão Autorizada não tiveram
acesso. Nela tomaram parte homens famosos como Sayce, Driver, Angus, Lightfoot,
Westcott e outros doutores da Bíblia.
c) A Versão Revisada Americana (American Standard Version). Esta versão é o
texto preferido pelos membros norte-americanos do Comitê que preparou a Versão Revisada
de 1881-1885. Foi publicada em 1900 (NT) e 1901 (AT).
d) A Versão Padrão Revisada (Revised Standard Version).^ mais uma nova versão
do que revisão. Foi preparada nos Estados Unidos. Os primeiros passos para essa grande
obra foram dados em 1929 quando foi nomeado o corpo de teólogos tradutores e mestres de
reconhecida competência. Alguns deles foram Goodspeed, Moffat, Millar Burrows, Abright.
Novos textos originais foram consultados. O NT foi publicado em 1946 e o AT em 1952.
Há prós e contras quanto a esta versão. Não teve a popularidade que era de se esperar. As
quatro versões mais recentes são: New English Bible (1970); Good News Bible (1976);
Jerusalém Bible (1966), e New International (1978). Esta última é considerada a versão
mais fiel publicada até hoje em língua inglesa.
2) Versão alemã.
Lutero preparou-a traduzindo dos originais. Concluiu-a em 1534.
Houve antes outra versão derivada da Vulgata, de tradução literal, no Século XIV. Lutero
executou o trabalho em plena Reforma, publicando a versão em 1522. Esta Bíblia foi de
inestimável valor para o Movimento da Reforma. Foi tão bem feita que serviu de base para
o alemão literário. Na Alemanha, a Bíblia é considerada como o começo da literatura alemã.
3) Versões em português.
Como aconteceu em relação a outros idiomas, a Bíblia não
foi inicialmente traduzida por inteiro em português. D. Diniz, rei de Portugal (1279-1375),
traduziu da Vulgata uma parte do livro de Gênesis. O Rei D. João I (1385-1433) ordenou a
tradução dos Evangelhos. Esse mesmo rei traduziu os Salmos. Frei Bernardo traduziu o
Evangelho de São Mateus no Século XV. Em 1495, a rainha Leonor, casada com D. João II,
mandou publicar o livro "Vida de Cristo", uma espécie de harmonia dos Evangelhos. Em
1505, a mesma rainha mandou imprimir os Atos e Epístolas Universais.
Agora vejamos as traduções completas.
a) A Versão de Almeida.
João Ferreira d'Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja Reformada Holandesa,
em Batávia, então capital da ilha de Java, na Oceania. (Batávia é agora a moderna Djakarta,
capital da Indonésia) Java era então domínio holandês, conquistada aos portugueses.
Almeida traduziu primeiro o Novo Testamento, terminando-o em 1670; em 1681 foi ele
impresso em Amsterdam, Holanda, isto é, 100 anos antes da primeira edição católica da
Bíblia - a de Figueiredo, 1781! Almeida traduziu o Antigo Testamento até Ezequiel 48.21,
quando então faleceu em 1691. Missionários seus amigos completaram a tradução,
especialmente Jacob Opden Akker. Almeida fez sua tradução do grego e hebraico, línguas
que estudou após abraçar o Evangelho. Utilizou também as versões holandesa (de 1637) e a
espanhola (de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publicado em 1753, em
Amsterdam. A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira começou a publicar o texto de
Almeida em 1809, publicando a Bíblia completa pela primeira vez, em 1819. O texto de
Almeida não era muito bom por ele ter deixado Portugal muito cedo e não ter cultura
profunda.
O texto de Almeida foi revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica
Brasileira (organização batista independente) publicou a "Edição Revista e Corrigida",
abreviadamente ARC.
Uma comissão de especialistas brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 apresentou
recentemente a "Edição Revista e Atualizada" de Almeida (ARA). É uma obra magnífica
com linguagem qualificada e de melhor tradução. O NT foi publicado em 1951 e o AT em
1958. A publicação é da Sociedade Bíblica do Brasil. A comissão revisora compôs-se de 30
elementos dos mais abalizados de várias denominações. Foram membros, figuras como
Sinésio Lira, A.C. Gonçalves, Crabtree, R.G. Bratcher, W. C. Taylor. Foi usado o texto
grego de Nestle para o NT, e o hebraico de Letteris, para o AT. Fez-se o melhor possível.
Há uma comissão permanente de revisão acompanhando os progressos da crítica textual.
Alguns dados pessoais de Almeida. Nasceu em Torre de Tavares, em Portugal, em
1628. Emigrou para a Holanda, e daí seguiu para Java, achando-se aí em 1641. Converteuse
na Igreja Reformada Holandesa em 1642 por meio de um folheto que tratava sobre a
"Diferença da Cristandade entre a Igreja Reformada e a Igreja Romana". Casou-se em 1651
com a filha de um pastor. Foi ordenado ao santo ministério em 16 de outubro de 1656.
Aprendeu grego e hebraico e começou a traduzir o Novo Testamento, tendo como base o
"Textus Receptus" dos irmãos Elzevirs, segunda edição de 1633. Faleceu em 6 de agosto de
1691. A Igreja Católica, através do tribunal da Inquisição, queimou-o em estátua, em Gôa,
antiga possessão portuguesa na índia. A Igreja Romana, nem mesmo agora, no chamado
Ecumenismo, se desculpou de tais coisas...
b) A Versão de Figueiredo.
O padre Antônio Pereira de Figueiredo, português, levou 17 anos no preparo de sua
versão. Publicou o NT em 1781 e o AT em 1790. É tradução da Vulgata. Foi um dos
maiores latinistas do seu tempo. Desde 1821, a SBBE publica o texto de Figueiredo. O texto
atual publicado pela SBBE é superior ao primitivo.
c) A Tradução Brasileira.
Começou em 1904, por uma comissão de vultos do
evangelismo brasileiro, nomeada pela SBA (Sociedade Bíblica Americana) e SBBE (Sociedade
Bíblica Britânica e Estrangeira). Entre outros, foram membros da comissão: Antônio
Trajano, Eduardo Carlos Pereira e Hipólito de Oliveira Campos. O NT foi publicado em
1910 e o AT em 1917. A tradução é mui fiel ao original. Há muita rigidez na tradução.
Falta-lhe a beleza de estilo e a segurança vernacular, porque a tradução é literal, e não à base
da equivalência dinâmica, como se diz em lingüística.
d) A Versão de Rhoden.
Consta só o NT. Era padre brasileiro de Santa Catarina,
quando da tradução. Começou o trabalho como estudante, na Alemanha, em 1924-1927,
concluindo-o no Brasil. Foi publicada em 1935. Este padre deixou a Igreja Romana. É
versão muito usada para estudo comparativo e crítica textual. O texto grego usado foi o de
Nestle.
e) A Versão de Matos Soares.
Também padre brasileiro. Traduziu a Vulgata.
Concluiu a tradução em 1932, mas só em 1946 foi publicada. É a Bíblia popular dos
católico-romanos brasileiros. A versão carece de fidelidade. Como todo tradutor católico,
nota-se em Matos Soares preconceitos e tendências, especialmente nos itálicos, que às vezes
tem texto maior que o próprio original. O Papa é conivente nisto, conforme sua carta do
Vaticano de 1932.
Alguns outros informes sobre a Bíblia em português.
• A Bíblia foi impressa a primeira vez no Brasil, em 1944, pela Imprensa Bíblica
Brasileira.
• Entre as Bíblias mais populares do mundo está a em português. As outras são: a
Vulgata, a de Lutero, e a Versão Autorizada (inglesa).
• Há no Brasil três entidades evangélicas publicadoras e distribuidoras de Bíblias. A
primeira é a Imprensa Bíblica Brasileira fundada em 1940. A segunda é a Sociedade Bíblica
do Brasil fundada em 10-06-1948, resultante da fusão das agências da SBA e SBBE que
funcionavam no Brasil. A terceira é a Sociedade Bíblica Trinitariana, com sede em São
Paulo.
• A primeira agência distribuidora de Bíblias no Brasil foi a da SBBE, em 1856; a
segunda foi a da SBA, em 1876, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Antes disso, vinham
Bíblias para o Brasil através de comandantes de navios, que as entregavam a casas
comerciais para revenda. A mais antiga Sociedade Bíblica do mundo é a SBBE fundada em
1804; a segunda é a SBA, fundada em 1816.
• Na distribuição de Bíblias em todo o mundo, o Brasil ocupa o segundo lugar!
IV. PARTICULARIDADES SOBRE O TEXTO BÍBLICO EM GERAL E A SUA TRADUÇÃO
1) As palavras em itálico. Não constam do original. Foram introduzidas na tradução
para completar o sentido do texto. Em português, a única versão protestante com itálicos é a
ARC.
2) O uso da margem. Muitas Bíblias tem na sua margem em determinados trechos, a
tradução literal do hebraico ou do grego. Às vezes, tem uma tradução diferente quando o
caso é duvidoso. São muito úteis essas notas marginais.
3) Datas impressas no texto. Muitas Bíblias antigas, em português, bem como
noutras línguas, trazem datas impressas no texto. São datas da chamada "Cronologia Aceita"
elaborada pelo arcebispo Ussher (anglicano) e inseridas pela primeira vez no texto bíblico
em 1701. Depois de Ussher, surgiram outras cronologias como a de Calmet,
Hales, etc. As investigações modernas e descobertas arqueológicas têm alterado em
muitos pontos a cronologia tradicional. A cronologia é terreno movediço, especialmente
quanto aos primeiros milênios da História.
4) O sumário dos capítulos. São preparados pelos editores, e nada tem com a
inspiração e o texto original. As exceções são algumas frases introdutórias de certos salmos,
como o 4, 5, 6, 7, 8, 9, 22, 32, 45, 46, 53, 56, 69, 75, etc. Tais sumários nem sempre
correspondem aos capítulos aos quais se referem. Há casos até negativos, como a parábola
dos "Dez Talentos", quando não são dez; a "Parábola do Rico e Lázaro", quando não se trata
de parábola, e assim por diante.
5) A divisão do texto bíblico em capítulos e versículos. Não vem do original. A
primeira Bíblia que trouxe essa divisão foi a Vulgata, em 1555. Em muitos casos, a divisão
tanto em capítulos como em versículos, quebra o sentido, biparte o texto e altera toda a linha
do pensamento. Exemplo de capítulos: Isaías 53, que devia começar em 52.13; João capítulo
8, devia começar em 7.53; 2 Rs 7 devia começar em 2 Rs 6.24; o capítulo 3 de Colossenses
devia terminar 4.1; o capítulo 10 de Mateus devia começar em 9.35; Atos 5 devia começar
em 4.36, etc.
Com a divisão em versículos, acontece a mesma coisa, por exemplo: Efésios 1.5
devia começar com as duas últimas palavras de 1.4; 1 Coríntios 2.9,10 devia ser um só
versículo; o mesmo devia ocorrer com Jo 5.39,40. Na Epístola aos Romanos, bem como em
Efésios, há diversos casos desses. Também a divisão em versículos não é a mesma em todas
as versões; por exemplo Daniel 3.24-30 da ARC, corresponde a 3.91-97 em Matos Soares;
Lucas 20.30 na ARC, corresponde a Lucas 20.30,31 na "Tradução Brasileira". Marcos 9.49
deve ficar ligado ao versículo 48, e não como está na ARA, tendo a epígrafe entre os dois
versículos.
6) A divisão do texto em parágrafos é muito útil para a sua compreensão. O Salmo 2,
por exemplo, contém 5 parágrafos, tendo cada um aplicação diferente (vv 1-3, 4-6, 7-9, 10-
12a; 12b). A única versão em português que indica os parágrafos é a ARA, com um tipo
negrito cada vez que isso ocorre. Há versões noutras línguas que dão tanta importância a
essa divisão, que, para maior comodidade do leitor, imprimem o próprio sinal gráfico para
parágrafo (muito parecido com um "P" invertido).
7) Traduções da Bíblia até 1984. A Bíblia toda ou em parte acha-se traduzida em
1795 línguas e dialetos.
Ainda restam cerca de 1.000 línguas em que ela precisa ser traduzida.
QUESTIONÁRIO
1. Quais as línguas originais da Bíblia? E destas, quais as duas principais?
2. Que outros nomes tem a língua hebraica, no Antigo Testamento?
3. De quantas letras compõe-se o alfabeto hebraico?
4. Que quer dizer "texto massorético"? Por que tomou esse nome?
5. Em que época foram colocados na escrita hebraica os sinais vocálicos? Qual a
principal finalidade disso?
6. Quais os dois tipos existentes de texto hebraico das Escrituras do AT?
7. Que outros nomes tem a língua aramaica? Em que região era falada?
8. Cite as referências dos textos do AT escritos em aramaico.
9. Em que época e em que país aprenderam os judeus o aramaico?
10. Que nome tomara o aramaico na Palestina nos dias de Jesus, como costumam
dizer os eruditos?
11. Quando o NT faz menção da língua hebraica, trata-se na realidade de que
idioma?
12. Em que tipo de grego foi escrito o Novo Testamento? A partir de quando surgiu
tal dialeto?
13. De quantas letras compõe-se o alfabeto grego?
14. De que maneira o grego fez parte do preparo do mundo para o advento do
Salvador?
15. Que são manuscritos? Nos tratados bíblicos, quais as suas abreviaturas?
16. Quais os dois materiais gráficos mais usados nos MSS bíblicos?
17. Que nome tem o pergaminho preparado de modo especial?
18. Cite os tipos de MSS quanto ao formato? Descreva cada formato.
19. Que é um MS uncial? E um cursivo? E um palimpsesto?
20. Cite algumas razões do desaparecimento dos MSS bíblicos originais.
21. Qual o MS completo e mais antigo do AT em hebraico?
22. Quais as três Bíblias completas mais antigas em grego?
23. Quando surgiu o primeiro texto impresso em hebraico, do AT? E do NT, em
grego?
24. Em que ano foram descobertos os famosos MSS do mar Morto?
25. Como calculam os eruditos as datas dos MSS?
26. Em que caracteres está escrito o texto do Pentateuco Samaritano?
27. Que são Targuns?
28. Que quer dizer Septuaginta? Por que essa versão tomou este nome?
29. Em que época e país foi preparada a Septuaginta?
30. Que Igreja ainda usa a Septuaginta?
31. Qual a primeira versão que inclui o Novo Testamento?
32. Quem traduziu a Vulgata? em que ano e país foi concluída tal versão?
33. Que relação especial tem a Vulgata com a Igreja Romana?
34. Qual a mais estimada versão inglesa? Dê o ano e o nome dessa versão.
35. Cite uma razão por que a Bíblia de Lutero tornou-se tão importante.
36. Em que ano foi publicada a Bíblia de Almeida, NT e AT? (primeira vez)
37. Idem, a de Figueiredo?
38. Quem era Almeida, e onde fez a tradução da Bíblia em português?
39. Além de Almeida e Figueiredo, quais outras versões foram mencionadas no
estudo das traduções em português.
40. Qual a primeira Bíblia que apareceu dividida em capítulos e versículos?
41. Cite o número de traduções da Bíblia toda ou em parte, até o presente.
Os escribas dedicavam suas vidas ao estudo e transcrição dos textos sagrados